O governo Trump — sempre pronto para mostrar os dentes às democracias que não ajoelham diante de Washington — anunciou a revogação dos vistos americanos de Mozart Júlio Tabosa Sales, secretário do Ministério da Saúde, e de Alberto Kleiman, ex-funcionário do governo brasileiro. É mais um episódio da escalada imperial contra o Brasil que ousa reconstruir serviços públicos e retomar políticas sociais após o desastre bolsonarista. Quem acha que isso é só “política externa” não percebe: é violência diplomática, é chantagem contra quem pensa que saúde é direito, não mercadoria!
Marco Rubio: “O Departamento de Estado está tomando medidas para revogar vistos e impor restrições de visto a vários funcionários do governo brasileiro e ex-funcionários da OPAS, cúmplices do esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano. O Mais Médicos foi um golpe diplomático inconcebível de ‘médicos’ estrangeiros.” A acusação é a velha ladainha anticomunista: transformar cooperação em crime, solidariedade em negócio sujo. E quem abraça essa narrativa? Os mesmos que aplaudiam o desmonte do SUS e defendiam a privatização do atendimento básico nas periferias.
É curioso ver os EUA, que exportam privatização e cortam verbas de saúde, adotarem o papel de juiz moral das políticas públicas alheias. A nova retórica de Washington — que já revogou vistos de ministros do STF e aplicou a chamada lei Magnitsky contra autoridades brasileiras — visa pressionar e desmoralizar qualquer país que avance contra os interesses do capital transnacional.
O que era o Mais Médicos?
Criado em 2013 pelo governo Dilma, o Mais Médicos foi resposta prática a um problema concreto: ausência de médicos nas periferias e no interior. A parceria com a OPAS trouxe, em sua maioria, profissionais cubanos entre 2013 e 2018 e atendeu milhões de pessoas. Os ataques ao programa sempre foram políticos: opositores e corporações médicas dilaceraram o debate público, e a narrativa anticomunista serviu de pretexto para condenar a cooperação Sul-Sul. Em 2018, após o golpe eleitoral e a chegada de Bolsonaro, a participação cubana terminou — por decisão de Havana — e os médicos começaram a precisar validar diplomas no Brasil.
Hoje o programa, relançado em 2023, soma cerca de 24,7 mil profissionais em 4,2 mil municípios. No edital mais recente, 3.173 médicos iniciaram atividades em 1.618 municípios e 26 DSEIs em julho de 2025. Enquanto a direita celebra punições e cortinas de fumaça diplomáticas, são essas pessoas que garantem atendimento para quem mais precisa.
Alvo da diplomacia de Trump — e dos fanáticos daqui
O Departamento de Estado afirma que a OPAS e servidores brasileiros teriam sido “cúmplices” de um esquema de exploração de médicos cubanos. A investigação foi iniciada ainda no primeiro mandato de Trump, com Mike Pompeo exigindo esclarecimentos em 2020. Telegramas e narrativas à parte, o cerne é político: atacar a solidariedade e impor um tipo de submissão internacional. Entre os alvos estão Mozart Sales e Alberto Kleiman — hoje no OTCA para a COP30 — e, em outro capítulo, ministros do STF como Alexandre de Moraes tiveram vistos suspensos.
Eduardo Bolsonaro: “A medida é também um recado inequívoco: nem ministros, nem burocratas dos escalões inferiores, nem seus familiares estão imunes. Mais cedo ou mais tarde, todos os que contribuírem para sustentar esses regimes responderão pelo que fizeram — e não haverá lugar para se esconder.” O tom de celebração de Eduardo é revelador: a direita brasileira aplaude a interferência externa quando serve a seus interesses de desmoralizar instituições nacionais e enfraquecer políticas populares.
Lula: “A interferência de um país no sistema de Justiça de outro é inaceitável e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações.” A solidariedade do presidente aos ministros do STF é posição correta: somos contra ingerência externa e a favor de soluções brasileiras para problemas brasileiros.
Perguntemos: quem mais se beneficia com a institucionalização do medo e da humilhação internacional? Certamente não os que dependem do SUS. A ofensiva contra o Mais Médicos é parte de uma guerra mais ampla contra o que resta de público no Brasil — e contra qualquer projeto que ouse desafiar o mercado e os bilionários. A luta continua: saúde pública para todos, soberania para o Brasil e fora a direita que quer privatizar sonhos e apagar solidariedades!