A Praça dos Três Poderes vai, finalmente, ganhar a atenção que lhe faz falta há anos — não por bondade dos poderosos, mas porque a ruína do espaço público foi consequência direta do abandono e do ódio antipúblico que a direita tão bem pratica. O Iphan aprovou um projeto de restauração orçado em R$ 29,1 milhões, com recursos pela Lei Rouanet; o estudo custou R$ 744 mil e a previsão é iniciar obras em 2025, com as primeiras etapas concluídas em 2026. É uma intervenção necessária para recuperar o chão onde a democracia precisa pisar com segurança e dignidade!
Restauração necessária
O projeto não é cosmético: prevê recuperação completa do piso de pedras portuguesas, restauração das obras de arte, revitalização do Museu da Cidade e do Espaço Lúcio Costa, modernização da iluminação, melhorias de acessibilidade, drenagens, sinalização turística e instalação de câmeras de segurança. Entre os monumentos listados estão Os Candangos, as hermas de Juscelino Kubitschek, Tiradentes e Israel Pinheiro, o Marco Brasília, o Pombal e o Panteão da Pátria. Não é só estética: é luta pela memória e pelo uso público!
A situação atual documentada por visitas e fotos é humilhante: pedras soltas e buracos no piso — lembrança explícita de quando, em 2017, o governo do DF proibiu protestos ali por temer que as pedras fossem arremessadas contra prédios públicos. Bancos de concreto sujos e quebrados, esculturas pichadas e com tinta descascando, sinais de ferrugem e falta de manutenção. No Espaço Lúcio Costa, o elevador para cadeirantes não funciona, a maquete de Brasília está suja e quebrada, há infiltrações e ausência de saída de emergência. No Panteão da Pátria, cheiro de mofo, carpete antigo possivelmente inflamável e outro elevador inoperante. A placa da bandeira com ferrugem e ilegível completa esse retrato do descaso.
Quem deixou a Praça nesse estado? A resposta é política. O abandono público é fruto de programas neoliberais, cortes, e do ódio que setores da direita nutrem por toda forma de patrimônio estatal que sirva ao povo. Enquanto privatizam e desmontam políticas públicas, deixam a cidade e seus símbolos à deriva. Enquanto a direita privatiza e abandona, nós exigimos Estado forte e serviços públicos à altura do povo!
Usina solar no Palácio da Alvorada
Paralelamente, foi aprovada a instalação de uma usina solar fotovoltaica no Palácio da Alvorada: 1.922 módulos em área afastada dos jardins e do espelho d’água, custo de mais de R$ 3,5 milhões, com recursos via Programa de Eficiência Energética da Aneel. A previsão é que a planta gere economia de mais de R$ 1 milhão por ano e atenda integralmente o consumo do palácio. Isso é importante — modernizar e reduzir custos energéticos é prática coerente com a defesa do patrimônio público. Mas não basta iluminação e painéis: é preciso transformar o discurso do Estado para que ele sirva ao povo, não a interesses privados.
A restauração da Praça deve ser, portanto, mais do que obras: precisa ser retomada como espaço de luta e de memória. É urgente que o Estado recupere não apenas o cimento e as pedras, mas a função social da praça como palco das disputas democráticas. A iniciativa do Iphan é um passo, mas exige controle social, transparência na execução e compromisso público com manutenção contínua — não queremos mais obras-brinde que se deterioram ao primeiro sopro de descaso.
Que este investimento traga também a recuperação da dignidade de quem ocupa e vive Brasília — dos servidores, das comunidades, dos estudantes e das militâncias que fazem da Praça dos Três Poderes um lugar de mobilização popular. É hora de transformar restauração em retomada: da memória, do uso público, e da política voltada para o bem comum. A direita quebrou, a gente conserta — e amplia!