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Julgamento de Bolsonaro: entenda a investigação e o início do processo no STF sobre a tentativa de golpe

O ministro Cristiano Zanin marcou para 2 de setembro o início do julgamento na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal contra Jair Bolsonaro e mais sete réus acusados de participar da tentativa de golpe de 2022. É a hora em que a Justiça vai precisar responder à pergunta que paira desde aquela eleição: haverá responsabilização efetiva ou a impunidade vai acobertar a audácia de quem tentou desmontar nossa democracia? Não é apenas um processo jurídico: é um teste político sobre o futuro do Brasil.

Cronologia do processo

Em novembro de 2024, a Polícia Federal apresentou as conclusões do inquérito que investigou a tentativa de golpe e indiciou Bolsonaro e outros 36 aliados. “Havia elementos para associar os investigados aos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado”, Polícia Federal. A investigação, iniciada oficialmente em 2023, mapeou ações coordenadas que visavam a ruptura institucional — nada de teoria da conspiração, mas provas, mensagens, contatos e manobras políticas concretas.

Em fevereiro de 2025, a Procuradoria-Geral da República ofereceu cinco denúncias ao STF contra 34 investigados, divididos por núcleos de atuação. “Fazem parte do ‘núcleo crucial’ da organização criminosa voltada para a ruptura democrática”, Procuradoria-Geral da República. Foi a PGR dizendo, em palavra formal, o que qualquer pessoa com dois neurônios em funcionamento já suspeitava: houve articulação para tentar enterrar a Constituição.

No final de março, por unanimidade, a Primeira Turma do STF tornou réus Bolsonaro e outros sete — um passo que transformou a investigação em ação penal, com todas as etapas previstas na lei. Maio e junho foram meses de instrução probatória: audiências com testemunhas, acareações (como a do tenente-coronel Mauro Cid) e diligências que aprofundaram o entendimento sobre quem fez o quê. Em julho, a PGR pediu a condenação do ex-presidente e do grupo; as defesas apresentaram suas alegações e tentaram limitar ou negar as responsabilidades. Quem tentou dar o golpe verá suas versões colocadas à prova.

A escalada tomou novo fôlego em agosto: no dia 4, o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro, imputando descumprimento de obrigações impostas ao réu. Investigadores ainda apontaram uma operação rasteira de Bolsonaro e do filho Eduardo para insinuar sanções externas contra o Brasil com o objetivo de atrapalhar o andamento do processo — um roteiro de filme ruim, com atores cheios de presunção e pouca vergonha.

Esse calendário não significa que a luta se esgota no gabinete da Suprema Corte. Ao contrário: o julgamento da Primeira Turma é parte de um confronto político mais amplo. A direita golpista tenta se rearticular, espalhando fake news, relativizando fatos e buscando espaços em mídia e parlamento. Cabe à esquerda responder com organização, clareza e projeto. Não dá para ser ingênuo: derrotar o bolsonarismo exige tanto derrotas eleitorais quanto a desestruturação de suas redes políticas e econômicas.

Se há algo que nos ensina essa história é que a defesa da democracia não é neutra. É preciso disputar poder, instituições e consciência popular. Lula e o PT não são só siglas eleitorais; são, hoje, centrais na tarefa de recompor um projeto popular que proteja direitos, mantenha estatais estratégicas e enfrente a ofensiva dos bilionários que cobiçam privatizar tudo. A ofensiva contra as privatizações e contra a entrega do patrimônio nacional é inseparável da defesa do regime democrático.

O 2 de setembro promete ser um dia de alta tensão institucional e política. Vamos acompanhar cada passo com espírito crítico e militante: exigindo que a Justiça faça seu papel, fortalecendo a unidade popular e empurrando para além das derrotas eleitorais — rumo a uma política que torne impossível que golpistas voltem a ameaçar nossa democracia. Quem acha que a história acabou, que se prepare: a batalha por democracia, emprego e soberania segue — e estamos do outro lado da barricada para ganhar.

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