O governo Trump voltou a apontar o Brasil com o dedo em riste — e a reação oficial daqui não se fez de rogada. O relatório de direitos humanos do Departamento de Estado dos EUA, publicado na gestão de Donald Trump, acusa o governo Lula de “deterioração” no campo dos direitos democráticos, critica medidas do Supremo Tribunal Federal e a atuação do ministro Alexandre de Moraes, além de classificar como “perseguição política” a prisão de apoiadores de Jair Bolsonaro. A troca de acusações expõe mais uma vez tensões entre soberania e intromissão, entre o combate a tentativas de golpe e os interesses geopolíticos de Washington.
Relatório americano e reação brasileira
Os Estados Unidos, que publicam esse relatório como referência global, disseram ver restrições à liberdade de expressão e às atividades online no Brasil. Nada como o dedo de um país acostumado a exportar intervenções para falar de “direitos humanos”, não é mesmo? Para completar a novela, o jornal Washington Post reportou que a redação do texto sobre o Brasil gerou desconforto dentro do próprio Departamento de Estado, com servidores denunciando “politização” do processo em comparação com anos anteriores. Washington Post
Do outro lado, a Advocacia-Geral da União não ficou calada. Em nota contundente, a AGU defendeu que um governo comprometido com a democracia pune com rigor tentativas de golpe e que respeitar direitos humanos também é colaborar com cortes internacionais e preservar a separação entre os Poderes. Advocacia-Geral da União (AGU) O tom é claro: não irão aceitar ser ensinados por quem tem longa história de interferência e golpes externos!
A nota ressalta ainda que uma democracia constitucional “não confunde ações independentes do Judiciário com atos do Executivo” e que não se deve “menosprezar ataques ao Estado de Direito” nem “acolher narrativas fantasiosas disseminadas por extremistas”. É um recado direto aos defensores da impunidade bolsonarista e aos apologistas estrangeiros que querem transformar o julgamento de crimes contra a democracia em espetáculo midiático internacional. Quem tenta dar um golpe e ataca as instituições não pode ser transformado em vítima por quem pratica a política do cavalo de Troia.
Não é só retórica jurídica: há conteúdo político por trás dessas palavras. A prisão de apoiadores do ex-presidente Bolsonaro ocorreu após a escalada de ameaças e ações contra a ordem constitucional. Defender o direito de manifestação não é o mesmo que tolerar conspirações antidemocráticas! Ou o Brasil vai aceitar que traidores do processo democrático sejam tratados como mártires pela imprensa internacional alinhada à direita global?
É preciso também lembrar o contexto: o relatório veio de uma administração americana notoriamente alinhada com oligarquias e setores autoritários mundo afora. Que autoridade tem um governo que já festejou golpes e apoiou líderes autoritários para criticar medidas que visam proteger a democracia brasileira? Hipocrisia é pouco para descrever essa postura. Ao mesmo tempo, nada disso nos coloca acima de críticas legítimas: defender nossas instituições democráticas exige transparência, respeito pleno aos direitos humanos e distância de práticas autoritárias — o que significa, sim, punir as tentativas de golpe.
Para além do embate entre Brasília e Washington, a disputa é ideológica: de um lado, forças que querem restaurar privilégios e atacar conquistas sociais; do outro, um projeto popular que defende estatais, serviços públicos e a soberania nacional como pilares de uma transição rumo a uma sociedade mais justa. A AGU encerrou sua nota invocando até um salmo — talvez para lembrar que a história julgará quem lutou ao lado do povo. “O Senhor abre os olhos aos cegos; o Senhor levanta os abatidos; o Senhor ama os justos” (Salmo 146:8) — Advocacia-Geral da União (AGU)
Se o relatório dos EUA tenta nos constranger e colocar o Brasil na vitrine das relações internacionais, que fique claro: não aceitaremos lições de quem financia ditadores e protege bilionários. Defender a democracia significa, hoje, desarmar a direita golpista e fortalecer as instituições populares que asseguram direitos e lutam por transformação social. Quem estiver do lado contrário a isso que se prepare para a resistência!