A ocupação da Mesa do Senado por bolsonaristas e o subsequente motim que se arrastou por 47 horas escancararam o grau de desespero de uma direita acéfala, sem nenhuma causa legítima além do ódio ao Supremo. Sob o comando de senadores como Rogério Marinho (PL-RB), esses parlamentares mais pareciam uma horda em busca de palanque do que representantes do povo. Mas quem realmente dita as regras do jogo é, e sempre será, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que restabeleceu a ordem, não sem antes mostrar a esses extremistas que sua chantagem política não passaria de mais uma página vergonhosa na história do bolsonarismo.
“Não estamos diante de uma questão meramente numérica, mas de uma avaliação jurídico-política que envolve justa causa, prova, adequação legal e viabilidade. A decisão cabe ao presidente do Senado, no exercício de suas prerrogativas constitucionais. Em respeito ao diálogo democrático e atenção à oposição, reafirmo que qualquer pedido será analisado com seriedade e responsabilidade,” afirmou Alcolumbre, deixando claro que não cederia a pressões rasteiras. Esse posicionamento firme contrapõe-se à postura rasteira dos insatisfeitos de plantão, que perderam qualquer resquício de autoridade ao monopolizar o microfone para pedir o impeachment de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, sem apresentar um único argumento jurídico que justificasse tal sanha persecutória.
Bolsonaristas se achando donos da Casa! Como se o Senado fosse quintal eleitoral de discursos demagógicos. A cena de parlamentares ocupando fisicamente a Mesa Diretora beira o surreal e evidencia o quanto o bolsonarismo transformou o parlamento em trincheira de guerra cultural. Diante desse circo, Alcolumbre reconduziu a sessão e retomou as votações sem hesitar, demonstrando a indispensável solidez institucional que a democracia brasileira tanto carece.
Na leitura fria dos fatos, o ofício com 41 assinaturas entregue a Alcolumbre não passa de um pedido de “celeridade” para pautar o impeachment de Moraes. Uma “celeridade” que não encontra respaldo nem na Constituição, que prevê como função exclusiva do Senado o processamento e julgamento de ministros do STF, nem em qualquer princípio de Justiça. O esforço para transformar matéria política pura em ato jurídico só expõe a debilidade intelectual de quem não tem base nem projeto, apenas retórica de ódio.
“Não há o menor clima para pedir o impeachment de Alexandre de Moraes,” confidenciou Alcolumbre a líderes da Casa, logo antes do motim. E não é para menos: responsabilizar um ministro do STF por exercer seu papel de guardião da Constituição é sinal de que a direita golpista insiste em negar a separação de Poderes. A insistência em um processo de impeachment desprovido de fundamentação legal só confirma a ânsia autoritária desses senadores, que tentam regimenar a democracia como se fosse uma simples agenda de fakenews.
Ao final do protesto, veio a cena patética: além de desocuparem a Mesa, os bolsonaristas ainda tiveram a ousadia de pedir desculpas e aplaudir Alcolumbre pela maneira “cordial” como conduziu a situação. Se aplaudiram o presidente da Casa, era apenas para encenar normalidade onde não existe, tentando maquiar a própria submissão sofrida diante de uma liderança que não baixa a cabeça para chantagens.
A audácia desses parlamentares é chocante, mas o desfecho mostrou que a democracia brasileira não será soterrada por bravatas de meia-tigela. Enquanto o país clama por políticas que de fato combatam as desigualdades sociais e fortaleçam a soberania nacional, a direita cinicamente joga suas fichas em palanque vazio e motins sem propósito. Que fique registrado: não são as mesas ocupadas nem os microfones monopolizados que definirão o rumo do Brasil, mas sim a luta organizada dos trabalhadores e a força de um projeto popular que encara o grande capital de frente e resgatando o verdadeiro sentido das instituições democráticas.