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Após cobrança de Lula, ministros do Centrão evitam eventos partidários para não se queimar

A cobrança pública de Lula na reunião ministerial desta terça (26) funcionou como um ultimato cortante: ministros do Centrão foram avisados de que precisam defender o governo em público — ou correr o risco de transformar suas presenças em vexames que alimentam a narrativa da direita. A reação imediata não foi de lealdade, mas de precaução: aliados desses ministros aconselham que eles evitem aparecer em eventos partidários para não se queimar. Estratégia típica do Centrão: ficar ao mesmo tempo dentro do governo e com um pé na oposição, equilibrando privilégios e ambições eleitorais como se repartissem um butim. Não dá para continuar com meia-apoiadores no governo — isso só enfraquece o projeto popular que Lula representa.

Lula deixou claro o recado e não fez rodeios. “Ministros de meu governo precisam defender sua administração em reuniões públicas de seus partidos”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois, ainda abriu a porta: quem quiser permanecer no governo e apoiar a candidatura de Lula terá as portas abertas. É o velho jogo do poder: convite com recompensa e ameaça velada para os que insistem no balcão da traição. Do outro lado, a resposta dos aliados do Centrão foi a famosa tentativa de escapar da cena, sugerindo que os ministros faltem a atos partidários para evitar constrangimentos — uma admissão pública de que o eleitorado vai ficar de olho e que o teatro político pode não colar.

Quem são os ministros

No momento, a cota do Centrão no governo inclui Celso Sabino (Turismo), Waldez de Goes (Integração Nacional) e Frederico Siqueira (Comunicações), todos do União Brasil, além de André Fufuca (Esportes), do PP. Na reunião, eles — junto com a maioria dos ministros — posaram com o boné azul com a inscrição “Brasil é dos brasileiros”, o mesmo que Lula usou e distribuiu. A imagem seria simpática se não escondesse a contradição: posar com o boné e depois voltar aos corredores partidários para afinar canções diferentes.

Alguns desses ministros não querem sair do governo agora. A aposta de muitos é empurrar a desincompatibilização para abril do ano que vem, quando termina o prazo para disputar eleições em 2026. Outros já flertam com rupturas mais dramáticas: romper com suas legendas e manter apoio a Lula nos estados onde isso favoreça suas bases eleitorais. É o Centrão fazendo o que sempre faz — negociar cargos, blindagens e favores, enquanto tenta driblar o eleitorado com sinceridades seletivas.

“Melhor não aparecer em eventos partidários agora, para evitar constrangimentos”, disse um aliado de um ministro do Centrão. A confissão é curiosa: não é sobre fidelidade a um projeto político, é sobre não aparecer na hora errada. E isso explica o drama moral em jogo — ou se defende o governo e seu projeto de recuperar o país da catástrofe neoliberal, ou se permanece numa posição ambígua, tentando lucrar eleitoralmente amanhã e governar com as mãos atadas hoje.

A pressão por lealdade não veio apenas como retórica; é também um movimento estratégico para evitar que a direita e os filhos ideológicos do bolsonarismo explorem qualquer divisão interna. Enquanto a extrema-direita e os bilionários que a financiam fazem campanha permanente para corroer o debate público, o governo precisa de aliados que joguem limpo. Ou apoiam Lula de verdade — ou que saiam e sejam honestos com seus eleitores.

No tabuleiro político, União Brasil e Progressistas já sinalizam apoio ao nome do governador Tarcísio Gomes de Freitas caso ele decida disputar a Presidência. Republicanos e PSD também têm ministros dentro do governo, o que amplia a teia de interesses e pressões. O desafio para Lula e para quem verdadeiramente quer uma guinada antineoliberal é simples: desconstruir a lógica do balcão de negócios e construir um bloco estável que enfrente os verdadeiros inimigos — a reordenação do capital que saqueou o país e a extrema-direita que ainda respira no Congresso e nas redes.

A escolha está posta: pactuar com a gestão de interesses do Centrão ou apostar numa aliança comprometida com o projeto popular, com estatais fortes e soberania. O resto é teatro para as redes — e o povo não aguenta mais assistir ao mesmo espetáculo.

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