O recado foi claro, direto e com a necessária veemência: enquanto Brasília tenta recompor sua diplomacia e proteger empregos e indústrias brasileiras, os Estados Unidos deram mais uma demonstração de desdém político — com direito a encontro com o clã bolsonarista em vez de diálogo sério com o governo eleito. Lula reagiu, com a autoridade de quem representa uma proposta popular que ameaça os interesses das elites e do capital financeiro global. É hora de responder com firmeza e organização!
“Esse momento está muito delicado do ponto de vista político”, disse Lula. Foi durante a cerimônia de nomeação de novos diretores para agências reguladoras — momento apropriado para lembrar que soberania econômica se defende com Estado forte e gestão pública comprometida com o povo. Lula pediu seriedade aos indicados e compromisso com o Brasil. E como poderia ser diferente? Estamos diante de ataques tarifários que atingem nossa indústria e milhares de trabalhadores.
“Até agora a gente não conseguiu falar com ninguém nos EUA”, disse Lula. A fala expõe o constrangimento diplomático: os EUA suspenderam uma reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para se reunir com Eduardo Bolsonaro. “[Os EUA] suspenderam a reunião com o [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad e foi se reunir com Eduardo Bolsonaro. Uma demonstração da falta de seriedade com a relação com o Brasil”, disse Lula. Não é só falta de cortesia — é um sinal claro de prioridades: negociar com uma ala que cultua o capitão golpista e seus herdeiros em vez de dialogar com um governo legitimamente eleito que busca proteger emprego, indústria e soberania.
Mais uma vez, o Brasil se vê no centro de um choque entre projetos antagônicos: de um lado, a política subserviente aos interesses dos bilionários e das corporações; do outro, um projeto popular que aposta nas estatais, em políticas de desenvolvimento e na reindustrialização. O ataque tarifário imposto por Trump — e a postura do governo americano em priorizar interlocutores afinados com a ultradireita — é uma agressão que exige resposta firme. Não aceitamos que a nossa pauta econômica seja decidida nos bastidores por interesses estrangeiros e entreguistas.
A ironia final veio de quem conhece o processo: “A hora que eles quiserem negociar, o ‘Lulinha paz e amor’ está de volta. Não tenho medo de errar”, concluiu o presidente. Ah, a costumeira caricatura — transformaram Lula em mito à esquerda para demonizá-lo, e agora se surpreendem quando ele mostra disposição para negociação firme, sem submissão. Querem paz? Tenham seriedade e cortesia diplomática. Querem negócios? Negociem com quem realmente representa o Estado brasileiro, não com representantes de um passado autoritário e privatista.
É preciso ver além do fato pontual: a escolha de conversar com Eduardo Bolsonaro, figura que simboliza o bolsonarismo, é um recado político. Os EUA, sob administrações que ora se apresentam como pragmáticas, continuam a preservar relações com setores reacionários quando isso convém ao capital. Não se trata só de um frio jogo de gabinete — trata-se de quem define a agenda econômica e quem sai perdendo: os trabalhadores, o setor produtivo nacional e o futuro do desenvolvimento soberano. Não passaremos a mão na cabeça de quem tenta subordinar nosso país a interesses estrangeiros e entreguistas.
O momento exige unidade da esquerda, mobilização social e firme atuação do Estado para proteger empregos e promover uma resposta diplomática e econômica à altura. Lula mostrou disposição para negociar — desde que o Brasil seja tratado com respeito e seriedade. Aos que ainda apostam na velha direita e em acordos de ocasião com interlocutores desprezíveis, fica o aviso: a luta pelo projeto popular e pela soberania segue muita viva e disposta a enfrentar ataques, internos e externos. A resposta não será nos salões fechados dos poderosos, mas nas ruas, nas fábricas e nas instituições públicas recuperadas para o povo.