luta socialista

Base bolsonarista anuncia revezamento para manter ocupação das Mesas da Câmara e do Senado

Na última terça-feira (5), a base bolsonarista do PL e seus satélites da “oposição” resolveram transformar a Mesa da Câmara e do Senado num palco para mais um teatro de bizarrices. Enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro aguarda prisão domiciliar determinada por Alexandre de Moraes, parlamentares aliados fazem de conta que defendem “liberdade” ao ocupar espaços institucionais. Mas será que existe defesa de democracia por trás desse espetáculo ridículo, ou é apenas mais uma tentativa desesperada de dar palanque a quem articulou golpe?

Protesto de fachada e jogo de cena

Logo cedo, deputados e senadores chegaram às Mesas Diretoras da Câmara e do Senado com esparadrapos na boca – gesto cinematográfico para chorar censura pela prisão de quem liderou o maior ataque ao Estado Democrático de Direito brasileiro. É absurdo transformar instituições públicas em palco de militância golpista. Na Câmara, o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) telefonou ao líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), pedindo a desocupação imediata. A resposta? Uma recusa seca e a exigência de reunião presencial reservada com Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre.

Os deputados do PL não pouparam petrodólares narrativos: prometeram revezar a ocupação por dias a fio, como acampamento de resistência para quem não admite a vontade da Justiça. Enquanto isso, o deputado Pompeu Zucco (PL-RS) garantiu que o grupo “está mobilizado de forma permanente”. Permanecer até quando? Até que morram as instituições?

Silêncio e cínica civilidade

No Senado, o gesto simbólico com esparadrapo repetiu o roteiro mirabolante: protesto vazio, palestras de vitimização e três demandas golpistas. Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarou que só sairão quando Alcolumbre:
– pautar o pedido de impeachment contra Moraes;
– votar anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023;
– discutir o fim do foro privilegiado.

“Nós vamos permanecer aqui no plenário, se preciso for, e virar a noite”, bradou o senador. E completou: “Sequer o telefone ele está atendendo, e eu jamais esperava isso dele.” A cara de pau deles é tanta que qualquer pessoa com espírito crítico se pergunta: onde estavam esses defensores do “respeito às instituições” quando tentaram derrubar urnas, calúnia e violência em 2022?

Em nota, Davi Alcolumbre classificou a invasão como um “exercício arbitrário das próprias razões”. “Precisamos retomar os trabalhos com respeito, civilidade e diálogo, para que o Congresso siga cumprindo sua missão em favor do Brasil e da nossa população.” Logo depois, Hugo Motta ecoou o mantra institucional: “O legítimo direito de defesa tem que ser respeitado, mas decisão judicial deve ser cumprida. Não cabe ao presidente da Câmara comentar ou qualificar essa ou aquela decisão.”

É impressionante a hipocrisia: exigem “respeito” para golpistas e intolerância para quem luta contra privatizações, contra bancos e contra esses palhaços bolsonaristas.

No tabuleiro político, essa crise institucional chega junto com o risco de sanções comerciais dos EUA, cenário que revela o desespero da direita em deslegitimar o Judiciário e intimidar o Legislativo progressista. Ao mesmo tempo, mostra a urgência de uma resposta firme do campo democrático, envolvendo Lula, o PT e as forças populares.

Se a direita acha que ocupa salas, vai ocupar o pânico. Se tenta golpear, vai encontrar resistência organizada. A hora é de mobilizar a sociedade, fortalecer as estatais e aprofundar a luta anticapitalista. Afinal, não se defende a democracia com fita adesiva na boca de quem só fala em golpe. A pergunta que fica é: quem tem força para parar essa turba armada de ressentimento e restaurar a ordem democrática neste país?

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