Na última quarta-feira (06), o plenário da Câmara dos Deputados se transformou num verdadeiro palco de desfaçatez bolsonarista quando o deputado Zé Trovão (PL-SC) decidiu barrar fisicamente a entrada do presidente da Casa, Hugo Motta, na mesa diretora. Às vésperas de mais uma sessão legislativa, esperava-se um ambiente minimamente institucional. O que se viu, porém, foi o espetáculo pirotécnico de um deputado aliado da extrema direita, que – ignorando acordos e o bom senso – posicionou a perna no pé da escada para impedir a ascensão de Motta ao comando dos trabalhos.
O circo de horrores na Câmara
Tudo começou quando Hugo Motta, eleito para presidir os debates, se dirigiu à escada que dá acesso à mesa diretora. O gabinete dele possui saída própria no plenário, mas nada impedia que o parlamentar utilizasse o acesso oficial. Foi aí que Zé Trovão, arrogante e desprovido de qualquer decoro, plantou o pé no degrau. Líderes que acompanhavam Motta relataram: “Ele pode passar?” – perguntou o deputado do PL a colegas que, incrédulos, precisaram lembrar do acordo previamente firmado para liberação da entrada.
Diante da resposta afirmativa, Trovão enfim moveu a perna, permitindo a passagem de Motta, mas não sem antes oferecer um show de prepotência e desrespeito. É revoltante testemunhar, num dos principais espaços democráticos do país, um comportamento que beira a selvageria. É inadmissível num país que se diz democrático! Enquanto discursos extremistas ecoam pelas galerias, a institucionalidade se faz de refém da truculência de parlamentares financiados por bilionários de direita.
Os parlamentares da base governista, afinal, já se movimentam para representar o caso no Conselho de Ética contra Zé Trovão. Afinal, o regimento interno é claro: impedir ou retardar a abertura dos trabalhos constitui infração grave, passível até de suspensão de mandato. Na quinta-feira (07), Hugo Motta reforçou que estão sendo analisadas providências contra quem ousou descumprir as regras que regem o funcionamento do parlamento.
Tal episódio é, na verdade, apenas mais um capítulo de uma novela macabra protagonizada pelo bolsonarismo dentro do Congresso. Ao mesmo tempo em que clamam defesa da “família” e “valores tradicionais”, esses deputados demonstram, com atitudes autoritárias e violentas, o quanto desprezam a própria democracia que juram proteger. Mostrou, mais uma vez, o quanto a extrema-direita despreza as regras do jogo democrático.
Em meio a esse cenário, surgem dois caminhos claros: abandonar esse figurino grotesco ou sofrer as consequências legais e políticas de virar piada nacional. Afinal, quem se comporta como valentão de rua não merece ocupar cadeiras de representação popular. A Câmara, espaço de legitimação das vozes da sociedade, não pode se curvar às ordens de um grupelho raivoso e sem causa.
Enquanto isso, a oposição e as bancadas progressistas intensificam sua campanha por mais transparência e respeito às leis. Em breve, serão apresentadas denúncias formais que podem resultar em sanções duras contra Zé Trovão, com apoio até de setores moderados que, finalmente, despertam para o perigo de normalizar a violência dentro do Congresso.
Não se trata apenas de um tropeço protocolar: é um alerta de que a tática de intimidação e truculência faz parte do repertório bolsonarista e deve ser enfrentada com firmeza. A hora é de não permitir retrocessos, de manter acesa a chama da mobilização popular e de construir um Brasil onde o respeito à democracia esteja acima do capricho de deputados truculentos. Afinal, qual será o próximo passo desse espetáculo de horror? E o respeito ao regimento, quando enfim veremos efetivamente garantido?