A condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal não foi apenas um marco jurídico: virou um espelho que reflete quem manda e quem se submete no tabuleiro internacional. Enquanto o ex-capitão apodrece nas redes dos radicais, surgem as confirmações de que o imperialismo estadunidense — personificado por Donald Trump — ficou descontente com o veredito e já ameaça respostas. O que está em jogo é mais do que vingança política: é a tentativa de reescrever o jogo democrático brasileiro usando tarifas, pressões e chantagens descaradas. E nós precisamos reagir com firmeza e clareza!
Diplomacia sob pressão: quem intimida quem?
A reação americana, com a sobretaxa de 50% para produtos brasileiros e a chantagem explícita sobre o caso Bolsonaro, foi uma demonstração de força bruta econômica para proteger um aliado perdido. O que o governo Lula percebeu — e com razão — foi que essas sanções visavam derrotar politicamente uma agenda progressista e intimidar instituições. Mas o STF respondeu com independência. As sanções não intimidaram o STF, e isso precisa ser dito alto e claro: instituições que resistem a golpes merecem apoio, não pressão externa.
Na ponta do governo, há quem tema que a Casa Branca redirecione a pressão para o Congresso, buscando uma anistia aos golpistas. Essa possibilidade é uma tentativa de salvar da responsabilidade os que conspiraram contra a democracia, e revela que a ofensiva não é só judicial — é também política e legislativa. Os aliados de Bolsonaro, abalados pelo veredito, não estão fora do jogo; pelo contrário, podem virar pretextos para novos acordos espúrios entre empresários, bolsonaristas e potências estrangeiras.
“A intenção é ‘jogar parado’, ou seja, manter o discurso de defesa da soberania, buscar novos mercados para produtos e insistir no desejo de fazer uma negociação focada em comércio,” diz um integrante do governo, descrevendo a estratégia oficial diante do tarifaço. Essa postura, pragmática, revela também a consciência de que uma guerra tarifária com os EUA só reduziria o espaço político do povo trabalhador e abriria portas para neoliberais e privatistas que sonham com mais entrega do patrimônio nacional.
“Na avaliação de auxiliares, o resultado do julgamento demonstrou que as sanções não intimidaram o STF,” afirmam fontes governamentais, reforçando que a independência do Judiciário foi testada e resistiu. Isso é uma vitória que deve ser comemorada — mas não debochada. A direita, com seus bilionários e oligarquias midiáticas, não vai aceitar facilmente o recuo. Eles já tentam trocar ameaças econômicas por impunidade política.
Enquanto isso, o Parlamento e a sociedade precisam se manter alertas. A hipótese de sanções direcionadas a autoridades — a ideia de punir ministros do Supremo, por exemplo — é um sinal de que a escalada pode ganhar contornos autoritários e personalizados. Não podemos aceitar que interesses externos determinem quem deve responder por crimes contra a democracia no Brasil. Defender as estatais, o patrimônio público e a soberania é também defender a capacidade do país de resistir a chantagens econômicas.
A movimentação americana até 2026 deve ser monitorada com olhos abertos: Trump quer um Brasil mais à direita porque isso reforça sua própria narrativa internacional e seus aliados locais. Nós, do campo popular, sabemos que não há neutralidade nas relações internacionais quando há interesses de classe tão claros. É hora de fortalecer a diplomacia soberana, ampliar mercados alternativos e aprofundar as alianças sul-sul — em suma, de transformar pressão externa em oportunidade para reorganizar o projeto nacional de desenvolvimento liderado por Lula e pelo PT. Jogar parado pode ser tático, mas não pode significar passividade diante da ofensiva conservadora.
Se o imperialismo quer confronto, que seja um confronto com povo organizado e Estado forte. Se querem proteger golpistas, que encontrem uma sociedade disposta a defender a democracia com mobilização, voto e política. A luta continua — dentro e fora das fronteiras — e nosso projeto é derrubar a direita e reconstruir um Brasil soberano, público e popular.