A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que transformou a vigilância eletrônica de Jair Bolsonaro em prisão domiciliar, escancarou o açodamento golpista que se mantém ativo mesmo atrás de portas fechadas. As postagens compartilhadas pelos filhos e aliados do ex-presidente revelam um padrão de desrespeito às medidas cautelares impostas em julho, evidenciando uma escalada de provocações destinadas a coagir o Supremo e impulsionar manifestações antidemocráticas pelo país afora.
Em sua decisão, Moraes listou uma série de infrações cometidas de forma premeditada. O ex-capitão, segundo o ministro, não apenas orientou o conteúdo das publicações em redes sociais, mas operou nos bastidores para manter viva sua cruzada contra as instituições. A ousadia chega a tal ponto que as postagens eram “pré-fabricadas” para driblar a lei e inflamar militantes.
No último domingo (3), por exemplo, o perfil do senador Flávio Bolsonaro repostou um telefonema em que o pai, mesmo sob restrições, conclamava apoiadores na praia de Copacabana. O claro intuito de omitir o descumprimento das medidas cautelares ficou escancarado quando o vídeo foi apagado minutos depois de ir ao ar, mas não antes de ser capturado pelo STF.
Em outra “pérola” de subversão, Flávio agradeceu publicamente aos Estados Unidos por possíveis sanções econômicas contra o Brasil – salvadora pátria imaginária para quem tenta enfraquecer nossa soberania. A graça é tanta que se poderia pensar em trocar a bandeira nacional pelo Tio Sam se o objetivo real não fosse só sinalizar apoio a medidas que devastam os mais pobres.
Carlos Bolsonaro, no Twitter (agora X), fez questão de republicar uma foto do pai e pedir que todos seguissem o perfil oficial de Jair Messias. O gesto trivial se tornou ilegal pela simples razão de que o ex-presidente está proibido de usar redes sociais. Mas pra que respeitar regras quando se pode usar o filho mais velho como arauto de notícias golpistas?
Eduardo Bolsonaro, pelo YouTube, soltou falas inflamadas, chamando manifestantes a pressionar ministros do STF e pedindo sanções. É o mesmo Eduardo que não perde oportunidade de pregar a intervenção jurídica como se vivêssemos numa república de bananas ao contrário. Seu prestígio é zero junto a quem acredita na democracia, mas sobrou coragem para desrespeitar limites judiciais.
Até Nikolas Ferreira entrou na dança, exibindo ao vivo uma chamada de vídeo do ex-presidente aos manifestantes na Avenida Paulista. Para Moraes, “a participação dissimulada de Jair Messias Bolsonaro” deixou claro que ele pretende continuar a “obstruir a Justiça” e forçar medidas de fora para dentro do país.
Esse comportamento ultrajante demonstra não na teoria, mas na prática, a intenção de provocar uma crise institucional e escancara o perigo que ainda representará se for permitido que o bolsonarismo continue ativo. O STF agiu com firmeza ao impor o recolhimento e proibir visitas, além de apreender celulares que serviriam de trincheira para a milícia digital.
A defesa de Bolsonaro pateticamente afirma que “nenhum ato foi descumprido”. Seria cômico se não fosse trágico: como ignorar as evidências de que ele mesmo orquestrou mancadas para sabotar as próprias restrições? É a velha tática de quem se coloca acima da lei e despreza as instituições republicanas.
Esse episódio reforça a urgência de desmantelar o discurso reacionário que insiste em reviver fantasmas do autoritarismo. Precisamos avançar além da mera resistência eleitoral e construir um projeto popular que vá ao encontro das demandas reais da classe trabalhadora. Lula e o PT, apesar de todas as críticas que podemos fazer, mantêm-se hoje como pilares de uma nova fase de luta anticapitalista no Brasil – é hora de apoiar medidas que garantam soberania, direitos sociais e o fortalecimento das estatais!
Que fique claro: a prisão domiciliar de Bolsonaro não é um ponto final, mas um alerta para a continuidade da mobilização. Se queremos varrer a direita do mapa político, precisamos unir as forças sociais, fortalecer o PT e envolver o povo nesse processo. Afinal, sem uma base popular engajada, qualquer vitória institucional será mero labareda passageira.