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Bolsonaro teve acesso antecipado à defesa do general acusado no plano golpista, revela PF

A Polícia Federal entregou mais uma peça ao quebra-cabeça da tentativa de golpe: no celular do ex-presidente Jair Bolsonaro foram encontrados arquivos diretamente relacionados à defesa do general Mário Fernandes, réu no mesmo processo que apura o plano Punhal Verde Amarelo — o projeto macabro que previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. A natureza e a origem desses documentos deixam claro que não se tratou de deslize ou coincidência. Foi ação coordenada, mantida mesmo enquanto o processo penal corria, e com o chefe do esquema no centro da articulação.

Arquivos, WhatsApp e a cadeia de comando

Segundo o relatório da PF, dois arquivos .docx idênticos ao que a defesa de Mário Fernandes protocolou no Supremo Tribunal Federal foram encontrados no aparelho de Bolsonaro. Chegaram ao telefone via WhatsApp, mas curiosamente ninguém conseguiu — ou quis — apontar quem enviou. Resultado? Uma evidência técnica falando alto: os arquivos recuperados batem com o que foi apresentado ao STF, e isso não é papel carbono, é associação direta entre o conteúdo da defesa do general e o ex-presidente. Não foi um encontro casual de documentos; foi um fio que liga o autor do plano e aquele que, segundo as investigações, o chefiava.

Os peritos ainda recuperaram mensagens e áudios apagados, o que confirma que havia comunicação contínua entre subordinados e o núcleo bolsonarista. A PF e a Procuradoria-Geral da República descrevem o grupo como uma organização criminosa que não apenas planejou um golpe, mas tentou operar nos bastidores do poder com a audácia de quem se imagina acima da lei. Isso inclui ações orquestradas para pressionar membros do Judiciário e do Legislativo, numa tentativa explícita de subordinar os chefes de Poder aos interesses da quadrilha. Sarcástico? Só para quem ainda acredita que “apenas uma conversa de grupo” explica o que vimos.

Indiciamentos e quem entrou no roteiro

Com base nesse cenário, a Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro por coação no curso do processo. A operação da noite também prendeu a atenção do público ao cumprir mandado de busca e apreensão contra o pastor Silas Malafaia — cujo passaporte e celular foram recolhidos — apontado como peça-chave na pressão sobre ministros do STF para tentar frear a ação penal. A sequência é simples: mensagens e áudios mostram um conjunto de ações coordenadas, tentativas de intimidar o Judiciário e até tentativas de mobilizar o Legislativo para validar a ilegalidade. É a prova de que o discurso da “ordem” era, na verdade, blindagem para o caos e crime organizado.

O que isso significa para a política brasileira? Primeiro, que o bolsonarismo não é apenas um partido do debate público, é um projeto que atravessou a linha da legalidade e testou uma agenda golpista. Segundo, que a responsabilização jurídica é imprescindível para desarmar essa máquina de desinformação e violência política. E terceiro, que não podemos transferir ao silêncio ou ao cinismo a tarefa de defender a democracia e o Estado de Direito.

Para nós, que lutamos por uma alternativa popular real, esses fatos confirmam algo já sabido: o desafio não é apenas derrotar a extrema-direita nas urnas, mas desmontar suas redes, seus financiadores e suas alianças com setores do poder econômico que sonham com privatizações e entreguismo. Lula e o PT não são apenas alternativa eleitoral; são protagonistas de uma etapa necessária de rearticulação da luta anticapitalista no país, um momento para recuperar estatais, fortalecer políticas públicas e resgatar soberania. Não há neutralidade diante dessa trama: ou se coloca o país em pé ou se deixa que os restos do bolsonarismo transformem o Brasil num palco de impunidade permanente.

Que fique claro: as instituições precisam ir até o fim, e a militância popular tem de seguir atenta e ativa. A fiada do ódio precisa ser cortada pela raiz — com investigação, processo e mobilização democrática. Afinal, não se trata apenas de recuperar documentos em um celular; trata-se de recuperar o destino do país. Quem quer retrocesso será responsabilizado, e quem quer transformação deve intensificar a luta nas ruas, nas universidades, nas fábricas e nas urnas.

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