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Brasil e Nigéria reforçam aposta no livre comércio para enfrentar protecionismo global, diz Lula

O encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente nigeriano Bola Ahmed Tinubu no Planalto não foi um mero aperto de mãos diplomático: foi um movimento estratégico para costurar alianças contra o protecionismo global e, claro, para abrir caminhos comerciais que o Brasil deixou apodrecer sob governos que viraram as costas à África. Em tempos de tarifaço e guerra comercial iniciada pelos EUA, fortalecer laços com a maior economia africana é resposta política, econômica e — por que não? — um ato de soberania contra as imposições dos poderosos de sempre.

Cooperação prática ou retórica vazia?

Lula e Tinubu falaram de ações concretas: transferência de tecnologia, parcerias em energia e medicamentos, fertilizantes, agricultura e maquinário. A Nigéria, com reservas de gás e interesse em fortalecer sua cadeia produtiva, deseja a Petrobras como parceira — um registro claro de que as estatais seguem sendo instrumentos centrais para o desenvolvimento, não moeda de troca para privatizadores e bilionários. “Somente juntos poderemos desenvolver nossas economias para auxiliar na nossa soberania”, disse Bola Ahmed Tinubu. E reforçou: “O Brasil e a Nigéria estão aqui para crescer juntos”. (Bola Ahmed Tinubu)

Lula deixou claro o diagnóstico: o comércio bilateral caiu de US$ 10 bilhões anuais em 2014 para cerca de US$ 2 bilhões em 2024 — um fruto do distanciamento do Brasil em governos anteriores. “Neste momento em que ressurgem o protecionismo e o unilateralismo, Nigéria e Brasil reafirmam aposta no livre comércio e na integração produtiva. Seguimos empenhados na construção de um mundo de paz e livre de imposições hegemônicas”, afirmou Lula. É uma aposta no multilateralismo dos povos e dos Estados, não no livre-mercado que entrega tudo aos capitalistas e seus paraísos fiscais!

O tarifaço e a resposta diplomática

As palavras ganharam urgência diante do chamado “tarifaço”: desde 6 de agosto, produtos brasileiros como carne, café e máquinas enfrentam sobretaxa de 50% para entrar nos EUA (a Nigéria, por sua vez, está com 15%). O governo brasileiro já acionou a OMC — dirigida pela economista nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala — e abriu consultas com Washington; ao mesmo tempo busca novos mercados e alianças. Lula tem telefonado para Xi Jinping, Emmanuel Macron e Narendra Modi e articula viagens a Indonésia e Malásia. A estratégia é óbvia: não nos ajoelharemos perante sanções econômicas de quem tenta condicionar relações políticas!

O tarifaço não é um erro isolado, é instrumento geopolítico — e exige resposta multilateral e solidariedade entre nações que querem desenvolver suas indústrias. Enquanto isso, no Brasil, o Planalto amplia linhas de crédito e medidas para socorrer empresas afetadas, e missionários empresariais liderados por Geraldo Alckmin foram à Nigéria em busca de parcerias.

Questões históricas e ambientais também estiveram na conversa. Lula lembrou a dívida moral com os milhões de africanos escravizados e disse que reparação não pode ser medida apenas em dinheiro: “Tal pagamento deve ser mensurado em solidariedade, em alinhamento político, econômico e cultural”. (Lula) Ambos os presidentes falaram ainda sobre a necessidade de combate coordenado ao crime transnacional — “Nenhum país isoladamente conseguirá debelar a criminalidade transnacional”, afirmou Lula. E firmaram compromisso com a proteção ambiental, com o Brasil anunciando a meta de zerar o desmatamento ilegal até 2030 e convidando países africanos para a COP 30, em Belém.

A força do Estado e das estatais, a diplomacia ativa e a solidariedade entre países periféricos saem do encontro como alternativas concretas ao canto da sereia dos privatizadores e dos que negociam soberania por contratos com bilionários. Não é hora de acomodação: é hora de intensificar alianças, ampliar comércio justo e enfrentar protecionismos com inteligência política e unidade entre os povos. Quem acha que isso é “apenas comércio” está subestimando a batalha maior por desenvolvimento e autonomia.

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