O governo brasileiro enviará nesta segunda-feira (18) a resposta oficial aos Estados Unidos sobre a investigação comercial aberta pelo governo de Donald Trump — e não é hora de gestos conciliatórios feitos de joelho. A ofensiva americana, que já veio acompanhada de tarifas punitivas e de uma retórica de bullying geoeconômico, é mais um capítulo da tentativa de impor interesses de multinacionais e bilionários sobre a soberania dos povos. O Brasil precisa responder firme, com a voz do Estado e das suas estatais, não como capacho da Casa Branca!
A Embaixada do Brasil em Washington vai protocolar o documento produzido por uma força-tarefa que envolve vários ministérios e órgãos. Do lado de lá, o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) foi quem abriu a investigação, acusando o Brasil de práticas que seriam, nas palavras deles, “desleais” — Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR). Como resposta imediata, Trump anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre parte das exportações brasileiras para os EUA, atingindo itens simbólicos e estratégicos, como carne bovina e café — um tapa na cara do país que mais precisa fortalecer sua cadeia produtiva e empregos.
Alguns produtos acabaram ficando fora da lista inicial por “exceções” feitas pelos americanos — curiosamente, sempre favorecendo quem se curva ao seu governo. Por trás das negociações públicas, diplomatas brasileiros avaliam, com preocupação, que os talks não avançam porque Trump não delegou autoridade de negociação: “temos visto uma atitude de ‘truculência'” — diplomata brasileiro (reservadamente), dizem. E acrescentam que há uma clara “seletividade” no aplicar das tarifas, penalizando governos que se recusam a alinhar políticas ao eixo washingtoniano: “seletividade” — diplomata brasileiro (reservadamente).
Não faltou também a clássica falsificação estatística do imperialismo: Trump insiste que a relação comercial com o Brasil seria deficitária para os EUA. A conta é outra. O Brasil não é inimigo dos trabalhadores americanos, mas não aceitará ser pilhado por narrativas convenientes aos exportadores estadunidenses. Segundo cálculos do governo brasileiro, citados pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad, “nos últimos 15 anos, o saldo da balança comercial foi positivo para os Estados Unidos em mais de US$ 400 bilhões” — Fernando Haddad. E o Itamaraty, com a diplomacia que precisa ser firme, já deixou claro em redes sociais que “o Brasil não vai desistir de negociar” — Itamaraty e que “é bom em cultivar amizades” — Itamaraty — frase que soa como aviso: amizade, sim; subserviência, jamais.
Entenda a investigação
A investigação se apoia na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, ferramenta usada pelos EUA para investigar supostas práticas comerciais desleais e justificar retaliações. O escopo é amplo: vão do Pix e tarifas consideradas “injustas” até aplicação de leis anticorrupção, proteção de propriedade intelectual e a comercialização do etanol brasileiro. Os americanos alegam prejuízos a “empresas, trabalhadores, agricultores e inovadores tecnológicos dos EUA” — e podem aplicar mais tarifas ou suspender benefícios caso julguem procedente a acusação.
Tudo isso não é apenas uma disputa técnica: é um movimento político, dirigido por quem tem motor financeiro e ideológico por trás. A ofensiva tem alvo claro: governos que defendem mais regulação, estatais fortes e políticas de desenvolvimento autônomo — posições que o bolsonarismo tentou desmantelar e que o projeto de Lula/PT busca recuperar como instrumentos de disputa política e social.
No tabuleiro internacional, negociar é necessário, capitular não. Defender nossa indústria, nossas estatais e a soberania econômica é prioridade. Isso exige unidade da esquerda, mobilização popular e coragem estatal para enfrentar retaliações imperialistas sem afrouxar a proteção do trabalho, da agricultura familiar e do setor produtivo nacional. O Brasil não pode virar quintal de interesses externos nem palco para chantagens comerciais. É hora de Lula e do PT avançarem com políticas que protejam o país e empoderem os trabalhadores — e que deixem claro que a pátria não se vende, se defende.