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Brasil registra déficit comercial de mais de US$ 28 bilhões com os EUA em 2024, alertam dados oficiais

O anúncio de um rombo comercial com os Estados Unidos que ultrapassa US$ 28 bilhões em 2024 — segundo estatísticas norte-americanas apresentadas pela secretária de Comércio Exterior Tatiana Prazeres — deveria acender um alerta sobre quem realmente ganha com o jogo econômico global. Em vez disso, o que vemos são alaridos seletivos: proteção americana para seus setores estratégicos e uma direita brasileira pronta a aplaudir acordos que favorecem bilionários e privatizações. Quem paga a conta? O povo trabalhadora, claro.

A secretária foi clara ao defender que a relação entre Brasil e EUA tem “complementariedade econômica” e que a troca gera empregos e investimentos para ambos os lados. “O Brasil não é um problema comercial para os Estados Unidos. A relação comercial é ganha-ganha, interessa aos dois países, há complementariedade econômica. Isso gera emprego e investimentos para os dois lados, de modo que é importante valorizar a relação comercial”, disse Tatiana Prazeres. Não é má vontade da secretária: os números ajudam a entender por quê. O maior déficit brasileiro com os EUA em 2024 está no setor de serviços — um setor que não foi alvo direto do famoso “tarifaço” anunciado por Donald Trump.

Veja o quadro dos serviços em déficit em 2024: manutenção e reparo (-US$ 759 milhões); transporte (-US$ 2,53 bilhões); viagens, incluindo educação (-US$ 6,98 bilhões); seguros (-US$ 394 milhões); serviços financeiros (-US$ 2,58 bilhões); encargos de propriedade intelectual (-US$ 5,15 bilhões); telecomunicações e informática (-US$ 2,84 bilhões). Esses números mostram que o problema não é uma “invasão” de produtos americanos, mas uma estrutura de comércio e serviços em que o Brasil ainda exporta muito valor agregado pouco reconhecido e importa tecnologia, educação e serviços que demandam políticas públicas inteligentes.

Não é com discursos de mercado livre para os amigos do capital financeiro que vamos responder a um protecionismo que protege os ricos dos EUA. É com estratégia pública, investimento estatal e apoio aos setores produtivos que o país se defende.

Tatiana ressaltou também que a alíquota média do Brasil sobre importações vindas dos EUA é de apenas 2,73%, com vários regimes especiais e muitas importações — inclusive oito dos dez principais produtos — entrando com imposto zero, como petróleo e derivados. “Se o Brasil tem um déficit com os Estados Unidos, não deveria ser alvo das medidas adotadas, sobretudo porque esse parece ser um tema de preocupação relevante para os Estados Unidos”, afirmou a secretária. Tradução: o “tarifaço” de Washington acaba acertando justamente setores exportadores brasileiros que não têm culpa do jogo desigual.

Socorro contra tarifaço terá R$ 30 bi em crédito

Em Brasília, o governo já articula medidas para mitigar o impacto: crédito de cerca de R$ 30 bilhões para socorrer empresas afetadas e ampliar exceções às sobretaxas norte-americanas foram citados como instrumentos. A porta-voz do Executivo procura proteger setores estratégicos — aeronáutica, energético e parte do agronegócio — ameaçados pelo choque externo. E não sem razão: o decreto assinado por Trump elevou a alíquota para 50% sobre certos produtos brasileiros, embora tenha deixado uma lista de 700 exceções. Ainda assim, ramos como máquinas e equipamentos, carnes, café, frutas, móveis, têxteis e calçados continuam penalizados.

“Cerca de 35,9% das exportações brasileiras aos EUA serão afetadas pela tarifa de 50%”, declarou o vice-presidente Geraldo Alckmin. Resultado? Pressão sobre empregos, indústrias regionais e cadeias produtivas que o bolsonarismo e a turma do mercado sempre trataram com desprezo — preferindo vender estatais e abrir mão de soberania industrial.

Quem defende a classe trabalhadora tem que enxergar duas coisas ao mesmo tempo: criticar o protecionismo hipócrita de Trump e, aqui dentro, cobrar políticas públicas firmes que recuperem capacidade produtiva, fortaleçam estatais e protejam empregos. Não dá para assistir passivamente enquanto bilionários comemoram do outro lado do Atlântico e a nossa direita entrega o patrimônio nacional em troca de cliques e cliques de curtidas. É hora de responder com projeto nacional-popular e força política organizada — coisa que só se constrói com luta, empatia e uma boa dose de sacudida na política econômica.

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