A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil voltou a disparar ataques contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, com mensagens contundentes e ameaças veladas a seus “aliados”. A ofensiva, que se intensificou desde meados de julho, expõe claramente o desejo de Washington de intervir nos assuntos internos do país e de moldar o resultado político a seu bel-prazer.
Cronologia dos ataques americanos
No dia 14 de julho, o secretário adjunto de Diplomacia Pública, Darren Beattie, abriu o placar com uma carta assinada por “presidente Trump”, que, segundo ele, “impõs consequências há muito esperadas ao Supremo Tribunal Federal de Moraes e ao governo Lula por seus ataques a Jair Bolsonaro, à liberdade de expressão e ao comércio americano.”
“Esses ataques são uma vergonha e estão muito abaixo da dignidade das tradições democráticas do Brasil. Estaremos observando de perto.” – Darren Beattie
Quatro dias depois, em 18 de julho, o senador Marco Rubio, secretário de Estado, foi ainda mais longe: anunciou a suspensão de vistos de Alexandre de Moraes, de seus aliados na Corte e de familiares diretos.
“A caça às bruxas promovida pelo ministro Alexandre de Moraes … não apenas viola os direitos básicos dos brasileiros, mas também ultrapassa as fronteiras do Brasil para atingir americanos. Por isso, ordenei a revogação imediata dos vistos de Moraes, de seus aliados na corte e de seus familiares diretos.” – Marco Rubio
Em 24 de julho, Beattie voltou ao ataque, classificando Moraes como “o coração pulsante do complexo de perseguição e censura contra Jair Bolsonaro” e atribuindo a Trump e a Rubio o papel de vigilantes incansáveis das liberdades globais.
No dia 30, o embate ganhou um capítulo tributário: Rubio e o Departamento do Tesouro adicionaram o ministro à lista de sanções da Lei Global Magnitsky, usada para punir “graves abusos aos direitos humanos”.
“Que isso sirva de alerta para aqueles que pretendem pisotear os direitos fundamentais de seus compatriotas — togas não os protegerão.” – Marco Rubio
“As sanções contra o ministro Moraes deixam claro que o presidente Trump leva muito a sério o complexo de censura e perseguição no Brasil.” – Darren Beattie
Além dele, a Secretaria de Assuntos do Hemisfério Ocidental declarou que usará “todos os instrumentos diplomáticos, políticos e legais apropriados e eficazes para enfrentar atores estrangeiros malignos.”
Em 4 de agosto, Christopher Landau, vice-secretário de Estado, encarnou o humor orwelliano: criticou Moraes por colocar Bolsonaro em prisão domiciliar e rotulou de “impulsos orwellianos desenfreados” o que chamou de “ditadura judicial”.
“O crime dele? Aparentemente, criticar o ministro Moraes, algo que agora o ministro convenientemente classifica como ‘obstrução de justiça’. Os impulsos orwellianos desenfreados do ministro estão arrastando sua Corte e seu país para o território desconhecido de uma ditadura judicial.” – Christopher Landau
Também, de Brasília a Washington, insistem: “Deixem Bolsonaro falar!”
Por fim, em 6 de agosto, Beattie anunciou novamente que “o ministro Moraes é o principal arquiteto do complexo de censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores” e aconselhou que “aliados de Moraes … não ajudem nem encubram” suas ações, sob pena de sanções.
Estamos diante de uma clara ingerência norte-americana, que busca desestabilizar instituições nacionais e impor sua agenda conservadora.
A escalada de pressões e sanções revela o quanto o imperialismo estadunidense teme o renascimento de um projeto popular e soberano no Brasil. Essas investidas contra Alexandre de Moraes, que investiga atos antidemocráticos de radicais de direita, são um recado direto: não se mexe nos interesses do capital golpista!
Enquanto isso, a esquerda autêntica precisa compreender a gravidade desse cenário. Afinal, quem se beneficia do enfraquecimento do STF e da abertura de fissuras na democracia brasileira?
Não é hora de recuar, mas de pressionar ainda mais por soberania, fortalecimento das estatais e aprofundamento das lutas anticapitalistas. Não nos calarão frente a esses ataques — o Brasil precisa seguir firme na construção de um projeto popular capaz de barrar tanto a direita nacional quanto os tentáculos do imperialismo estrangeiro.