luta socialista

Caetano Veloso: “A PEC da Blindagem é inadmissível e um ataque à democracia”

Na manhã seguinte ao grande ato no Rio contra a famigerada PEC da Blindagem, Caetano Veloso foi direto ao ponto: aquilo é inadmissível. Como jornalista e militante, não posso concordar menos com a tentativa aberta de salvar privilegiados às custas da democracia e da vida política do país. O espetáculo de políticos querendo se proteger com uma nova lei é tão óbvio que chega a ser insultante — e os artistas que ocuparam a praça mostraram que a sociedade tem lucidez para enxergar o golpe disfarçado de “segurança jurídica”.

Artistas na resistência

Por volta das 17h do domingo (21), Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso e Djavan subiram juntos ao palco com camisas que remetiam às cores da bandeira: Gil de verde, Caetano de amarelo, Chico de azul e Djavan de branco. Um símbolo simples e potente: a cultura brasileira dizendo não à degeneração institucional. Em entrevista ao Estúdio I, Caetano foi categórico: “Desde que eu tive notícias da PEC da Blindagem, achei que era uma coisa inadmissível” – Caetano Veloso. Palavras firmes, ditas sem papas na língua — exatamente o que precisamos em tempos de covardia parlamentar.

A plateia, que acompanha esses artistas há décadas, não veio com diálogo mole: o pedido que se repetiu nas turnês e no ato foi claro e direto. “Sem anistia” – público, ouviu-se várias vezes, e Caetano ressaltou que essa exigência vem desde suas apresentações com Maria Bethânia. O recado é cristalino: não à anistia para quem participou ou incentivou atentados à democracia! A PEC da Blindagem é uma tentativa de blindar impunidade e enterrar a democracia.

Podemos até rir do teatro dos parlamentares que apresentam essa PEC como “salvação da ordem” — mas não podemos subestimar o perigo. A blindagem é projetada para proteger não só figuras autoritárias do passado recente, mas também mecanismos que favorecem o grande capital e o patrimonialismo. É um golpe em andamento, com gravata e discurso constitucionalista. Quem se apressa em vender a pátria a preço de banana sempre encontra consolaçao entre os bilionários que adoram um Estado fraco e privatizado. E nós sabemos de que lado estamos: contra privatizações, a favor das estatais e da soberania nacional!

“Acho que a população brasileira tem energia para resistir a essa tendência doentia de destruição da democracia” – Caetano Veloso. Essa confiança é combustível. Os artistas deram voz, mas quem precisa agir somos nós — movimentos sociais, sindicatos, juventude, a base petista que não confunde pragmatismo com capitulação. Lula e o PT não são apenas uma saída eleitoral; são peças centrais para organizar a resistência popular e recolocar o Brasil numa trajetória de soberania social e econômica. Não há solução possível sem enfrentar os verdadeiros donos do poder: banqueiros, grandes corporações e os seus capachos políticos.

Que fique claro: a cultura não está no palanque só por estética. Está lá para enfrentar o obscurantismo e cutucar a consciência do povo. O que vimos no Rio foi um ato de democracia e de indignação, uma demonstração de que setores esclarecidos da sociedade não vão aceitar que se escreva uma nova carta branca para quem atentou contra o Estado de Direito. Não vamos permitir que anistiem a violência política e os que atacaram o país.

Agora é hora de transformar a indignação em ação organizada. Mobilizações nas ruas, pressão nos parlamentares, denúncia constante na mídia e na cultura — e, claro, reforçar a articulação política com o projeto popular. Se a direita acha que uma PEC resolve seus problemas, que venha então o confronto político e social. Nós responderemos com organização, com democracia popular e com a luta por um Brasil soberano, público e justo. A batalha continua — e nós estamos prontos para ganhá-la.

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