Ronaldo Caiado saiu do armário político e declarou o óbvio: na direita não há unanimidade nem disciplina, apenas ambição desregrada! O governador de Goiás disse, em entrevista ao Estúdio i, que não existe impedimento para governadores da direita se lançarem candidatos, mesmo sem o aval de Jair Bolsonaro — o que não é novidade, é confessionário. Enquanto uns fingem lealdade a um clã em queda, outros — os oportunistas de sempre — querem o pedaço do bolo. Quem perde com essa briga de vaidades? Nós, trabalhadores e trabalhadoras, claro!
“Não pode mais pairar nenhuma dúvida em relação a esse assunto, isso não existe. Todos nós somos pré-candidatos. Nenhum outro candidato, neste momento, vai criar uma situação de cancelamento de outras pré-candidaturas”, — Ronaldo Caiado. A frase é o retrato da direita brasileira: um mercado sem dono, cada um se vendendo por um palanque. E Caiado, que é do partido que nasceu da fusão das elites neoliberais, trata isso como “jogo democrático”. Como se a democracia fosse uma feira de vaidades, e não uma disputa de projeto de país!
O conservadorismo vive sua comédia de vaidades: todo mundo candidato, nenhum compromisso com o país. Não é apenas teatro; é uma estratégia de sobrevivência política diante do desastre que suas políticas econômicas promoveram. Privatizações, cortes, ataque às estatais e ao serviço público — tudo isso criou a fatura que agora circula pelos gabinetes enquanto os mesmos políticos perseguem o cheque eleitoral. A esquerda deve apontar essa contradição com firmeza: não estamos diante de um racha inocente, mas de uma redefinição da direita rumo ao que for necessário para manter privilégios.
O desabafo e a histeria bolsonarista
A crise familiar do bolsonarismo também se manifesta em redes sociais, com o mesmo tom pueril de quem acha que xingar resolve. Um filho publica uma ofensa e o “establishment” responde como se aquilo fosse relevante para o país. “ratos” — Carlos Bolsonaro, num post que chamou governadores de direita que se distanciam de seu pai de forma pejorativa. E Caiado, com a delicadeza de um aliado que precisa manter a pose, comentou: “Entendo esse desabafo e esse desespero de um filho que vê um pai, querendo ou não, numa prisão domiciliar sem sequer ser julgado”. Essa confissão pública é sintomática: o bolsonarismo virou seita, e a seita perdeu a força centralizadora e agora é refém de crises internas.
O que está em jogo não é só a vaidade de políticos. É o rumo do país. A divisão entre os que se tentam alimentar do bolsonarismo e os que tentam se aliviar dele não cria alternativa de governo capaz de enfrentar a crise social. Para além dos nomes e das ofensas, precisamos discutir projeto: quem defende serviços públicos fortes, estatais soberanas, reforma tributária que puna os bilionários? Quem quer o fim das privatizações e fortalecimento da produção nacional? Não há respostas críveis do lado que celebra o “liberalismo” de mercado que empobreceu milhões.
Enquanto isso, a direita se despedaça e o povo paga a conta. E a esquerda? Cabe a nós transformar essa crise em oportunidade política, dando rumo claro: uma aliança popular e programática que não se contente com gestos de gestão, mas avance em justiça social profunda. Lula e o PT continuam sendo peças centrais nesse tabuleiro, não por messianismo, mas por força organizativa e histórico de luta. Precisamos somar e radicalizar as demandas sociais, não nos distrair com o circo dos que só querem manter privilégios.
A conversa de Caiado expõe o vazio programático do bloco que quer disputar votos no campo conservador. Não haverá unidade orgânica porque não há projeto comum: há interesses pessoais e medo do futuro judicial e político do clã Bolsonaro. Cabe à esquerda transformar esse vácuo em política concreta — e não em mera reação a crises. Vamos disputar o sentido da política e das eleições com clareza: ou o país toma outro rumo, ou continuaremos vendo nossas riquezas a serviço de poucos. Quem está com o povo, que não cesse a luta!