A Câmara pode não parecer um lugar de salvação, mas nesta semana ela virou ringue de luta por algo que deveria ser óbvio: proteger crianças e adolescentes das engrenagens predatórias das redes sociais. Enquanto a direita monta barricadas e o PL de Bolsonaro ameaça obstruir, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), garante que a proposta terá apoio “maciço” e “majoritário” para apreciação urgente. É hora de cobrar posição: quem está ao lado dos filhos do povo e quem se esconde atrás das plataformas para salvar interesses de bilionários da tecnologia?
“Vamos ter um apoio maciço e majoritário para votar na terça-feira a urgência e o mérito na quarta-feira dos deputados, esse é um tema urgente”: Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados. Motta não fala como um líder fraco; fala como quem precisa recuperar autoridade depois do teatro de ocupação do plenário promovido pelo PL. E por falar em PL, não se iluda: a guerrilha parlamentar é tática conhecida — obstrução, atrasos, e discurso indignado sobre “liberdade” quando, na verdade, o que defendem é a impunidade das big techs e a proteção a lucros que são feitos em cima do sofrimento alheio.
Por que votar já é necessidade — e um teste político
O projeto, relatado pelo deputado Jadyel Alencar (Rep-PI) e de autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), tem foco claro: responsabilizar as plataformas pela exposição inadequada de crianças na internet. “O projeto já foi debatido inclusive com as big techs e há um entendimento de que ele está pronto para ser votado”: Jadyel Alencar, relator. Ah, debatado com as big techs — aquela conversa entre poderosos onde se tenta convencer que a responsabilidade é sempre do usuário e não do algoritmo que favorece o sensacionalismo! Não dá para aceitar essa narrativa enfeitada.
O empurrão final para a pauta veio do influenciador Felca, que mostrou na prática como algoritmos convertem exposição infantil em mercado para predadores. A adultização precoce — e muitas vezes forçada pelas dinâmicas de atenção e monetização das plataformas — não é tema abstrato; é violência cotidiana. Proteger crianças na rede é proteger o futuro. Não é censura, não é política de gabinete: é responsabilidade mínima do Estado e das empresas que lucram com dados e efêmeros aplausos digitais.
“Não concordo com a votação sem um debate mais amplo… o projeto poderia ‘censurar’ as redes sociais”: Sóstenes Cavalcante, líder do PL. Interessante como o discurso de “debate amplo” vira desculpa quando a pauta incomoda interesses da direita. Será que não dá para debater e, ao mesmo tempo, votar? Ou será que o objetivo é ganhar tempo para articular em benefício de quem lucra com a exposição de crianças?
A votação servirá também como termômetro político: medir quanto do PL ainda resiste dentro da Câmara depois da humilhante ocupação da mesa de trabalhos — e quanto da Casa está disposta a enfrentar as pressões bilionárias das big techs e dos discursos corporativos da liberdade irrestrita. Para nós, que militamos por um projeto popular e que enxergamos o PT e Lula como peças centrais dessa nova etapa anticapitalista — sim, são instrumentos fundamentais para avançar direitos e romper com a lógica do lucro acima da vida —, essa é a hora de posicionamento firme. Vamos exigir que quem se diz defensor do povo vote como tal!
A política não é só jogo de cena: é luta por vidas. Plataformas que exploram a exposição infantil não podem continuar impunes enquanto se apresentam como bastiões da liberdade. O Congresso tem a chance de escolher entre proteger nossas crianças ou proteger o mercado que lucra com elas. Que fique claro: defender o direito à infância é confrontar as oligarquias digitais e quem as protege dentro do parlamento. Quem vai ficar do lado das crianças? Quem vai ficar do lado dos lucros?