luta socialista

Celso Amorim denuncia revogação de visto da família de Padilha pelos EUA como ‘grosseria’, ‘agressão’ e ‘profunda hostilidade’

A decisão dos Estados Unidos de cancelar os vistos de familiares do ministro da Saúde Alexandre Padilha é mais do que uma falta de cortesia diplomática: é um ato de intimidação política contra um governo que ousa priorizar o interesse público. Em nome do “soft power”, Washington decidiu punir quem defende saúde pública e programas estatais. Não é coincidência — é um recado para toda a esquerda que se levanta no Brasil. Isso não é diplomacia, é chantagem.

“Acho um total absurdo. Falo em meu nome, como ex-ministro da Defesa e conselheiro do presidente. Você está punindo um ministro brasileiro — o que já é um gesto inamistoso — e, ainda por cima, com profundo grau de hostilidade. Cancelar o visto de um ministro de outro país é algo inaceitável”, afirmou Celso Amorim. Amorim, com a autoridade de quem conhece as engrenagens da política externa, classificou a medida como uma “agressão” e um gesto de “profunda hostilidade” ao Brasil. Não se trata de um desentendimento protocolar: trata-se de uma intervenção que mira políticas públicas — neste caso, o programa Mais Médicos — e, por extensão, a soberania política do país.

“Você pode concordar ou não com o Mais Médicos, mas era uma iniciativa humanitária e nacional, voltada a melhorar a saúde da população. É tão absurdo que é até difícil de expressar… Não sei se o objetivo é punir o Brasil ou provocar uma reação nossa”, disse Celso Amorim. O golpe vai além das palavras: atingiu a mulher e a filha de 10 anos do ministro Padilha. A crueldade é explícita. Em entrevista, o próprio Padilha denunciou a incoerência e a maldade do gesto. “As pessoas que fazem isso e o clã Bolsonaro, que orquestra isso, precisam explicar — não só para mim ou para o Brasil, mas para o mundo — qual risco uma criança de 10 anos representa para o governo americano. Estou absolutamente indignado com essa atitude covarde”, afirmou Alexandre Padilha.

A ação dos EUA não veio isolada. Na mesma semana, foram revogados vistos de outros servidores do Ministério da Saúde e, previamente, de ministros do Supremo Tribunal Federal e do procurador-geral da República. A estratégia é nítida: pressionar, dividir e criminalizar quem se opõe à agenda neoliberal. O alvo não é apenas um ministro; é o próprio projeto de um Estado capaz de garantir direitos básicos — saúde, educação, soberania.

O Mais Médicos, atacado por setores conservadores e agora punido externamente, foi uma política pública que levou médicos a regiões remotas e serviu como freio à ofensiva privatista que devora o sistema público. Defender o Mais Médicos é defender o SUS e o papel das estatais na garantia do bem-estar da população. Quem acha que isso é “erro” ideológico confessa, na prática, seu lado: o lucro acima da vida.

Não há ingenuidade possível diante desse cenário. A tropa de choque do clã Bolsonaro e seus aliados internacionais tenta desmoralizar o governo e constranger ministros com medidas pessoais e punitivas. É preciso nomear os responsáveis: a direita golpista, financeira e midiática, bem como seus padrinhos externos, querem instaurar medo e enfraquecer o campo popular. Mas estamos em outro momento político. Lula e o PT, mais do que figuras eleitorais, são agora centros de articulação para uma nova etapa da luta anticapitalista no Brasil — e não recuarão diante de provocações.

Não vamos aceitar que interesses estrangeiros, alinhados à direita neoliberal e aos bilionários que lucram com a dor alheia, ditem quem pode servir ao povo brasileiro. A resposta não pode ser apenas diplomática; precisa ser política e social: mobilização, denúncia pública internacional, articulação com governos amigos e reafirmação do compromisso com políticas que atendam a maioria.

O que está em jogo é a possibilidade de um Brasil que escolha o caminho do desenvolvimento soberano, das estatais fortes e da redistribuição. Se eles apostam em intimidação, respondamos com unidade e luta. A repressão ao Mais Médicos e aos seus defensores é um convite à resistência — e nós aceitaremos esse convite com a firmeza de sempre.

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