O governo brasileiro acabou de receber uma declaração pública que deveria tirar o sono dos fanáticos do mercado e dos saudosistas da claque golpista: a China reafirmou disposição de articular com o Brasil uma resposta conjunta contra o que chamou de práticas de intimidação no cenário internacional. Em meio ao tarifão dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros — e ao anúncio do Itamaraty de que o Brasil iniciou o processo para aplicar a Lei de Reciprocidade Econômica — a conversa entre chanceleres e a bênção de Pequim colocam o país numa balança geopolítica favorável ao Sul Global. Hora de arregaçar as mangas e defender soberania e emprego!
A mensagem não veio em tom de diplomacia morna. “A China está disposta a fortalecer a coordenação com o Brasil e a unir forças com os países do BRICS para resistir ao unilateralismo e às práticas de intimidação”, declarou Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China. Ainda segundo a nota oficial, “Wang Yi afirmou que ‘a relação China-Brasil está no seu melhor momento histórico'”. Quem achava que o mundo iria continuar submetido à chantagem tarifária e à pressurização seletiva dos EUA que pague atenção: o eixo entre Brasília e Pequim caminha para se consolidar como alternativa estratégica para o Brasil!
Rompendo o aperto externo e combatendo a submissão interna
Os fatos: Mauro Vieira pediu contato e conversou com Wang Yi; no radar, a aplicação da lei de reciprocidade contra os EUA por conta do tarifão que penaliza exportadores brasileiros. Lula, por sua vez, revelou que sua equipe ainda não conseguiu contato com a diplomacia americana para renegociar as tarifas — um sinal de que a esquerda governista já não aceita ser empurrada para a defensiva. “A equipe ainda não conseguiu contato com a diplomacia dos Estados Unidos para renegociar as tarifas”, afirmou Luiz Inácio Lula da Silva. É um confronto diplomático claro: ou os EUA recuam nas medidas protecionistas, ou o Brasil amplia parcerias autônomas.
Não é hora de esperar pelos anjos do mercado ou pelas falas mansas dos bilionários de plantão! O país precisa de políticas que protejam a indústria, o emprego e o país de chantagens externas. O BRICS, com o Brasil em posição de destaque após a presidência da cúpula, aparece como instrumento concreto para construir alternativas ao cerco imperial. Xi Jinping deixou crystalino o interesse chinês: “Queremos atuar junto com o Brasil para se tornar referência em unidade e autossuficiência entre as nações do Sul Global”, disse o presidente chinês em conversa com Lula, segundo a agência Xinhua.
Há muito para ganhar: acordos em saúde, energia, economia digital e satélites foram citados como prioridades. Isso representa não apenas comércio, mas transferência de tecnologia, investimentos em estatalidade e um projeto de desenvolvimento que não seja apenas a reprodução do projeto neoliberal que entregou nossas riquezas para o capital privado e para os amigos de sempre. Defender estatais e políticas públicas robustas é defender o Brasil — e isso incomoda a turma do bolso aberto para privatizações!
O movimento tem, claro, inimigos internos que vibrariam vendo um Brasil mais independente: a turma do capitão que pensa que privatizar tudo era política de Estado e os barões da mídia que sempre preferiram um país subalterno. Precisamos combater politicamente esse campo e fortalecer uma frente ampla de resistência às pressões do capital externo e dos traficantes de moralidade autoritária.
Se Lula e o PT conseguem transformar essa oportunidade diplomática em política econômica redistributiva, haverá ganhos reais para o povo trabalhador: mais empregos industriais, maior inserção tecnológica soberana e menos sujeição aos humores protecionistas de um só país. A hora é de aprofundar laços com países que defendem o multilateralismo e usar o protagonismo no BRICS para barganhar melhores termos para a nossa soberania. Quem pensa que autonomia é sinônimo de isolamento está perdido — autonomia se constrói com alianças fortes, estatais ativas e política de massas. Em jogo, não está só o comércio: está a capacidade do Brasil de escolher seu rumo sem entregar a chave do cofre aos bilionários de sempre.