luta socialista

‘Companheiro Trump’ parece ter gostado do ‘companheiro Lula’ e agora vão falar do que realmente importa, diz Haddad

A rápida aproximação entre Lula e Trump na Assembleia-Geral da ONU abriu uma janela — pequena, tensa e cheia de interesses — para negociar o que realmente importa: comércio, investimentos e, claro, o nosso direito de não ser entregue de bandeja aos interesses dos bilionários internacionais e aos chantagistas de sempre. Enquanto a direita rasteira grita e tenta transformar sanções e tarifações em espetáculo, o governo sinaliza que quer voltar a colocar a economia nas rédeas da soberania nacional, buscando parcerias que favoreçam a reindustrialização e a transformação ecológica do país.

O encontro relâmpago na ONU

O aperto de mão cinematográfico rendeu à imprensa uma declaração curiosa do próprio Trump. “Ele parece um cara muito legal, ele gosta de mim e eu gostei dele. E eu só faço negócio com gente de quem eu gosto. Por 39 segundos, tivemos uma ótima química e isso é um bom sinal.”Donald Trump. Antes, Trump contou que cruzou com Lula na entrada do plenário: “Eu o vi, ele me viu, e nos abraçamos. Concordamos que nos encontraríamos na semana que vem. Não tivemos muito tempo para conversar, tipo uns 20 segundos.”Donald Trump. Cena pitoresca? Sim. Suficiente para definir rumos? Nem de longe.

Do lado brasileiro, o ministro da Fazenda foi direto ao ponto: “Agora, parece que o companheiro Trump gostou do companheiro Lula e vão começar a conversar, falar de coisas que realmente importam, que é integração econômica, investimentos mútuos”Fernando Haddad. Haddad defendeu a separação entre política e economia: “primeiro é separar a política da economia”Fernando Haddad — buscando retomar negociações que, segundo ele, já estavam em andamento na era Biden sobre energia, minerais estratégicos e a transformação ecológica da indústria brasileira.

A tarifa e as chantagens

Não dá para esquecer o elefante na sala: o chamado “tarifaço” de 50% imposto pelos EUA a produtos brasileiros. Haddad foi claro sobre a posição do Brasil: “Em algum momento tem que ser revertido. Tem um processo de negociação, e a demanda do Brasil é de reversão da decisão”Fernando Haddad. E é justamente aí que a diplomacia precisa mostrar que serve ao povo e não aos lobbies. Não queremos acordos que troquem empregos por lucros fáceis de conglomerados estrangeiros.

As sanções também miraram autoridades do Executivo e do Judiciário brasileiros — gesto que, no calor da retórica trumpista, foi acompanhado por críticas ao processo que levou à condenação de Jair Bolsonaro. A fala de Trump sobre a Justiça brasileira, em tom de acusação, reforça a necessidade de o governo trabalhar com firmeza diplomática e política: negociar tarifas, exigir respeito institucional e, sobretudo, defender a soberania do país.

O discurso de Lula e o quadro internacional

Lula subiu à tribuna antes de Trump e deixou claro o fio condutor do governo: democracia inegociável e responsabilização daqueles que atentam contra ela. “O Brasil deu recado a candidatos autocratas”Luiz Inácio Lula da Silva. No tema das plataformas digitais, também foi preciso: “Regular não é restringir a liberdade de expressão, mas garantir que o que já é ilegal no mundo real seja tratado assim no mundo virtual”Luiz Inácio Lula da Silva. Sobre conflitos globais, Lula condenou atentados do Hamas e afirmou que “nada justifica o genocídio em curso em Gaza”Luiz Inácio Lula da Silva — e renovou o apelo por multilateralismo e por maior voz ao Sul Global.

O recado é claro: o Brasil precisa usar sua voz e seu peso diplomático para exigir respeito, proteger suas cadeias produtivas e garantir que acordos tragam emprego e soberania, não privatizações ou entrega de recursos estratégicos. Queremos parcerias que reindustrializem o país, não conchavos para enriquecer meia dúzia.

Resta saber como será o desfecho da conversa marcada para a próxima semana: se vai ser jogo de aparências e elogios efêmeros ou se Lula e sua equipe conseguem transformar a tal “química” em resultados concretos para a classe trabalhadora. A luta não acaba na boa educação entre presidentes — ela precisa se traduzir em reversão das tarifas, proteção das estatais e investimentos que gerem emprego. O Brasil não pode pagar o preço das vaidades e das jogadas geopolíticas; precisa de um projeto popular em que soberania e justiça social não sejam adjetivos, mas políticas de governo. Quem acreditar no contrário que acorde: a direita e seus maus negócios continuam por aí, prontos para aproveitar qualquer vacilo.

Mais notícias para você
30da2f33-41e8-4414-b665-adf9db9ef4bd
Aneel ainda não decidiu sobre renovação da concessão da Enel em São Paulo, alerta diretor

A Aneel ainda não deu o veredito final sobre a renovação da concessão da Enel em São Paulo, mas já...

1d6a48e9-904f-41ed-8ec2-391ea141325f
Alexandre de Moraes libera redes de Carla Zambelli com multa diária por posts de ódio

A decisão do ministro Alexandre de Moraes de revogar o bloqueio de perfis e canais associados à deputada Carla Zambelli...

f7f7a5e1-5125-4c05-b0ec-c7623e54ef81
Relator alinhado ao bolsonarismo pode definir o destino de Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética

A decisão que afastou Eduardo Bolsonaro da liderança da minoria na Câmara veio envolta em justificativas “técnicas” — exatamente o...