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Condenados na trama golpista dizem respeitar decisão do STF, mas prometem recorrer

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal confirmou o que muitos já sabiam: o núcleo duro do bolsonarismo foi condenado por participação na trama golpista que tentou subverter a ordem democrática. Diante das penas — pesadas e simbólicas —, as defesas dos oito condenados correram a emitir notas públicas respeitando, mas discordando, da decisão. Natural: a direita sempre se diz “respeitosa” quando perde e vocifera “perseguida” quando a justiça começa a mostrar para quem ela trabalha. Quem espera humildade sincera de quem tentou desmontar a democracia? Não eu, tampouco você!

“A defesa do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, recebe a decisão da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal com respeito. Contudo não pode deixar de manifestar profunda discordância e indignação com os termos da decisão majoritária. Nesse sentido, continuaremos a sustentar que o ex-presidente não atentou contra o Estado Democrático, jamais participou de qualquer plano e muito menos dos atos ocorridos em 08 de janeiro. Também continuamos a entender que o ex-Presidente deveria ter sido julgado pela primeira instância ou, se assim não fosse, pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal; da mesma forma, não podemos deixar de dizer, com todo o respeito, que a falta de tempo hábil para analisar a prova impediu a defesa de forma definitiva. A defesa entende que as penas fixadas são absurdamente excessivas e desproporcionais e, após analisar os termos do acórdão, ajuizará os recursos cabíveis, inclusive no âmbito internacional.” — Celso Vilardi e Paulo Amador da Cunha Bueno.

A nota da defesa de Jair Bolsonaro é um exercício previsível de mendacidade retórica: “respeito” e “indignação” na mesma frase, e a velha cartilha do recurso até em tribunal internacional, como se esse arsenal não fosse parte do manual de fuga dos autocratas. As penas fixadas são absurdamente excessivas e desproporcionais, clamam eles — como se o problema fosse o tamanho das penas e não a tentativa de destruir a Constituição.

“Mesmo após ampla instrução e provas que indicavam sua inocência, Anderson Torres recebe com serenidade a decisão da turma do STF e aguarda a publicação para possíveis recursos”. — Eumar Novacki.

A defesa de Anderson Torres segue a linha: negação, silêncio seletivo sobre evidências e a promessa de “recursos”. Curioso também ouvir, pela boca do mesmo advogado, que a dita “minuta golpista” não teria valor probatório — como se fragmentos digitais e diálogos combinando atentados à ordem fossem cartas do baralho descartadas por conveniência.

Sobre Alexandre Ramagem, a estratégia foi outra: o silêncio calculado. “Não iremos nos manifestar neste momento” — defesa de Alexandre Ramagem. Ficar calado também é tática: ganha tempo, evita contradições e permite aquecer a máquina de comunicação do bolsonarismo para o próximo ataque midiático.

Procuradas, as defesas de Walter Souza Braga Netto, Almir Garnier, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Mauro Cid — todos réus do núcleo essencial da trama golpista — não responderam aos contatos do g1 e da TV Globo até a última atualização da reportagem. Silêncio que fala mais alto que qualquer nota enfadonha: quando não dá para negar, evita-se o microfone.

Esse desfile de defesas e recursos é o que já esperávamos: uma máquina jurídica e comunicacional a serviço da impunidade. A grande mídia, parte do judiciário e os aparatos partidários de direita tentarão alongar debates e criar narrativas paralelas para desgastar a condenação moral e política desses agentes do caos. Continuaremos a sustentar que o ex-presidente não atentou contra o Estado Democrático — dizem eles, e a mentira repete-se até que vire “dúvida razoável” para os desavisados.

A batalha que vem agora não é só jurídica; é política e cultural. Não podemos confiar que apenas um acórdão bastará para enterrar o bolsonarismo institucionalizado. É hora de mobilizar, de ampliar a frente democrática e de fortalecer um projeto popular que desmonte a rede de privilégios e privatizações que alimenta esses fascistas de toga e gravata. Lula e o PT, por mais contradições que tenham, hoje representam o vetor central para uma etapa mais audaciosa de enfrentamento anticapitalista no Brasil — não por messianismo, mas porque é preciso ter direção e força social organizada contra a direita. Que venham os recursos; nós viremos as ruas, as urnas e as instituições para garantir que a justiça alcance a sua finalidade: proteger a democracia e punir os que a atacam.

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