Enquanto os fanáticos de extrema-direita ensaiam seus truques de guerrilha política na Mesa da Câmara, a oposição tradicional — aquela que já vestiu as cores do Centrão com orgulho — correu para fazer acenos a Hugo Motta (Republicanos-PB). Malabarismos, conchavos e negocinhos de bastidor que, pasmem, podem ter aproximado o presidente da Casa ao Palácio do Planalto! Afinal, se tem algo em comum entre bolsonaristas e pauteiros do centrão é o desprezo pelas pautas populares.
Os tentáculos do Centrão no plenário
De um lado, a gritaria de Bolsonaro e seu séquito tentou intimidar Motta com ocupação da mesa e ameaças vagas. De outro, os líderes da velha guarda oposicionista surgiram como moscas em volta do mel, oferecendo apoio para destravar suas pautas de interesse: o fim do foro privilegiado e o perdão aos golpistas de 8 de janeiro. É impressionante ver como o jogo de interesses pessoais fala mais alto que o interesse do povo!
Hugo Motta, irritado com a truculência bolsonarista, já sonda punições contra quem ousou desafiar sua autoridade. “Não fiz acordo nenhum”, declarou, dizendo que vai aplicar advertências e até suspensões a parlamentares que ocuparam a Mesa. E a oposição? Orquestrou reuniões pelo corredor da Câmara, alardeando que o fim do foro privilegiado é tão útil ao regulamento interno quanto ao prestígio político de muitos deputados.
O dilema da anistia de 8 de janeiro
Se a extinção do foro promete ser fatiada para agradar ao Centrão, o projeto de anistia aos golpistas de 8 de janeiro enfrenta resistências até mesmo no núcleo duro do governo. Afinal, proteger quem atentou contra o edifício constitucional não combina com o discurso de defesa da democracia — embora o Centrão adore traçar linhas tortas para viabilizar seus acordos! Uma proposta substitutiva, defendida por Davi Alcolumbre (União-AP), sugere apenas reduzir penas de quem participou de forma periférica e sem ligação com a cúpula do golpe. Estratagema clássico: dividir para enfraquecer!
Enquanto isso, aliados de Motta não disfarçam a irritação ao saber que bolsonaristas correram atrás de Arthur Lira (PP-AL) como se ele fosse um salva-vidas para explicar a invasão da Mesa. A gota d’água foi a vergonha pública de Sóstenes Cavalcante, líder do PL, que chegou a dizer “Peço perdão ao presidente da Câmara”. Um espetáculo pirotécnico de quem caiu do cavalo e agora implora clemência.
Se não bastasse a pantomima bolsonarista, o Centrão exibe sua cara mais cínica: enquanto troca favores para garantir privilégios, a população sofre com crise, desemprego e cortes em serviços públicos. E o governo Lula? A expectativa é que o resultado dessa guerra de facções interna na Câmara determine o grau de convergência que o Palácio do Planalto terá com a base oficialista. As votações do fim do foro e da anistia serão o grande termômetro desse novo equilíbrio de forças.
A próxima semana promete ser um espetáculo de vaidades e traições: de um lado, deputados ávidos por acelerarem suas agendas particulares; de outro, um presidente de Câmara agora mais próximo do Planalto pela conjunção de erros estratégicos dos bolsonaristas e concessões medrosas da oposição. Que venham os votos e mostrem, de vez, quem realmente manda na Casa mais importante do país — se é que ainda resta alguma sobranceira independência diante dos arreglos de bastidor.