A ausência anunciada do presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, na COP30 em Belém acendeu mais uma luz de alerta sobre a organização do evento e sobre as contradições do capitalismo global. Enquanto o mundo mira a Amazônia como palco simbólico da crise climática, o governo brasileiro corre para conter a saia-justa diplomática e garantir que chefes de Estado venham ver — de perto — o que está em jogo.
“Não irei à conferência em razão dos altos custos de viagem e hospedagem.” — Alexander Van der Bellen, presidente da Áustria. A justificativa soa quase cômica: um chefe de Estado que prefere não vir por causa de preço de hotel! Não estamos aqui para rir da logística — mas para apontar o absurdo. É na Amazônia que se decide parte do futuro do planeta — e não em quartos de luxo com tarifa inflacionada.
Presença em Belém
O Ministério das Relações Exteriores e a presidência da COP em Belém não ficaram quietos. Valter Correia da Silva, secretário responsável pela organização, deixou claro que haveria um esforço diplomático para reverter a decisão austríaca. “Oficialmente, nós não fomos comunicados dessa não presença do presidente da Áustria, mas certamente nós vamos ter um trabalho diplomático de tentar convencê-lo a vir, porque é muito importante a presença do chefe de estado para conhecer a Amazônia e entender o que é isso, o simbolismo que isso traz.” — Valter Correia da Silva, secretário. A fala foi dada em entrevista ao J10, da GloboNews.
O governo diz que vai disparar convites no início da próxima semana e espera entre 80 a 100 chefes de Estado. Relatos também apontam que o presidente Lula manteve conversas internacionais para fortalecer a presença e a pauta brasileira — inclusive trocas diplomáticas com quem já foi símbolo da extrema-direita internacional. Sim, Lula aposta na diplomacia ativa para transformar a COP em palco de soberania ambiental e justiça climática; não aceitamos que isso vire mero desfile turístico de elites.
Enquanto a diplomacia corre, a polêmica doméstica não para: aumentos abusivos de tarifas hoteleiras em Belém chamaram atenção. A Secretaria Nacional do Consumidor notificou ao menos 24 estabelecimentos e registrou casos com aumento de até 1.000% nas diárias. O governo liberou 2.500 quartos individuais para delegações oficiais, com tarifas entre U$ 100 e U$ 600, e negocia com empresários locais para ampliar oferta e reduzir preços. Valter avisou que os estabelecimentos poderão ser multados ou até interditados se comprovado abuso.
Preços extorsivos em plena crise climática — e o principal palco é a Amazônia. Como permite isso quem lucra com a destruição? Essa é a pergunta que não quer calar. Se a direita bolsonarista negociou a devastação e a entrega do país aos interesses privados, Lula e o projeto que representa o PT tentam ao menos recuperar protagonismo, deliberando um plano que combine proteção ambiental, soberania e desenvolvimento popular. Não é hora de negociação com mercadores de tarifas, mas de pressão popular e diplomática.
Na próxima quinta (14), o Brasil participa de reunião com o “Bureau da COP” para tratar de alimentação, segurança, mobilidade e outras questões logísticas — e responder às mais de 40 perguntas enviadas pelo órgão. O desafio é duplo: organizar um evento de âmbito global em uma região sensível e ainda disputar a narrativa internacional sobre quem protege a Amazônia — governos populares ou interesses privados e oligarquias que lucram com a crise.
A COP em Belém não pode ser uma vitrine vazia para selfies diplomáticas. Tem que ser um palco de compromisso real contra o aquecimento, com presença efetiva de chefes de Estado e condições dignas para os delegados. Lula busca esse protagonismo e, como militantes de uma alternativa popular, devemos pressionar por compromissos reais e punir os especuladores que tentam transformar uma emergência planetária em oportunidade de lucro. Afinal, a Amazônia não é mercadoria — é patrimônio do povo e do planeta. Quem concorda, venha agir!