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COP30: Governo busca garantir hospedagens com preços justos para países vulneráveis

A próxima COP30, marcada para novembro no Pará, deveria ser uma oportunidade do Brasil assumir protagonismo na luta contra as mudanças climáticas. Em vez disso, virou mais um episódio da política do país escancarando contradições: leitos caros que podem excluir delegações dos países mais vulneráveis, tensões diplomáticas com potências como os EUA e uma disputa interna sobre o licenciamento ambiental que testa até onde o governo Lula vai manter o mínimo de coragem frente ao Congresso conservador. Como sempre, a batalha é entre quem quer proteger vidas e natureza e quem quer proteger lucros, interesses privados e a agenda do agronegócio.

Hospedagem e a exclusão por preço

O governo afirma que trabalha para garantir preços acessíveis para que países vulneráveis possam participar da COP30, mas a realidade prática tem sido outra: oferta baixa de leitos e aumento de diárias que joga para fora justamente os mais atingidos pela crise climática. Não é aceitável que a luta contra a catástrofe ambiental seja um clube apenas para quem tem caixa. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que o ministério participa das negociações de conteúdo, enquanto a logística cabe à Casa Civil e ao governo do Pará. “Já está sendo assegurado que todas as delegações dos países vulneráveis terão preços acessíveis para poderem participar da COP”, disse Marina Silva. Ela reconheceu que o problema maior hoje não é a existência de leitos, mas os valores praticados: “Segundo as informações responsáveis por essa área, existem os leitos. O que não está compatível são os preços. Há um esforço muito grande para que os preços se tornem compatíveis e justos. Não se pode ter um aumento da diária no volume em que foi aumentado”, afirmou Marina Silva.

A ironia é cruel: em plena Amazônia, onde o mundo deveria debater justiça climática, os preços vaporosos reproduzem a lógica de exclusão do mercado. Quem financia grandes eventos e o turismo de luxo sempre arranja espaço; quem chega com pouco recurso é posto à margem. Como socialistas, devemos bater nessa desigualdade com mais firmeza — e lembrar que privatizações e políticas pró-bilionários nada têm a ver com justiça ambiental.

Os EUA, Trump e a diplomacia climática

Marina também comentou a possível ausência de uma delegação americana liderada por Trump. Lidar com a irresponsabilidade climática estadunidense já é tradição desde 1992, como ela lembrou: “Se a gente olha pra história da Convenção da Mudança do Clima, que nasceu em 1992, no Rio de Janeiro… a maior parte do tempo não teve a participação dos Estados Unidos. Eles participavam, mas era para atrapalhar. E agora, novamente o presidente Trump sai do Acordo de Paris… e andou muita coisa, mesmo sem a participação deles”, declarou Marina Silva. Lula chegou a convidar Trump por carta, mas ninguém fica surpreso se o magnata preferir posar de soberbo a comparecer para negociar responsabilidade climática — aliás, o mesmo país que sobrecarrega produtos brasileiros e corta diálogo tem também vários dos maiores poluidores e das maiores desigualdades.

Marina foi enfática: o Brasil fará a conferência com quem esteja disposto a colaborar, e isto é estratégico. Não vamos aceitar que chantagens geopolíticas ou interesses privados ditem quem pode discutir o futuro do planeta.

PL do licenciamento: disputa no Congresso
No front doméstico, a briga é outra: os vetos de Lula à lei que alterou regras de licenciamento ambiental foram feitos para evitar retrocessos claros. Marina defende diálogo com parlamentares que queiram conversar, mas avisou que celeridade não pode destruir proteção ambiental. “Celeridade [nas licenças ambientais] não deve ser em prejuízo da proteção do meio ambiente. Segurança jurídica não acontece se as leis que protegem o meio ambiente não forem respeitadas…”, afirmou Marina Silva. Lula vetou 63 trechos para impedir licença automática e proteger áreas sensíveis — decisões que a bancada ruralista quer derrubar no Congresso.

A verdade é que estamos numa encruzilhada: é preciso frear a sanha do capital que quer transformar floresta e rios em mercadoria e fortalecer um projeto de Estado que defenda estatais, políticas públicas e direitos coletivos. Lula e o PT surgem hoje — mesmo com limites e contradições — como a melhor linha de frente para manter avanços e abrir espaço à mobilização popular. A COP30 pode ser um passo importante, se for organizada com justiça e coragem, não com concessões aos mesmos que destruíram o planeta por lucro. Quem luta por isso não vai recuar.

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