A pesquisa Datafolha divulgada no início de agosto escancara o sentimento de grande parte da população brasileira: o anseio por justiça e o repúdio à impunidade. Num país ainda marcado pelo trauma do golpe institucional de 2018 e pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, **61% dos eleitores afirmam que jamais votariam em candidato que se disponha a livrar Jair Bolsonaro e seus conspiradores de qualquer pena**. Esse dado é um alarme para quem ainda acredita que a cartada final da extrema-direita passaria sem resistência.
Rejeição popular à anistia bolsonarista
A pesquisa, realizada entre 29 e 30 de julho com 2.004 pessoas em 130 municípios, apresenta números que desmontam qualquer discurso complacente com a direita radical. Ao todo:
– 19% disseram que “votariam com certeza” em quem prometesse anistiar Bolsonaro e os réus do 8 de janeiro;
– 14% admitiram que “talvez votassem” num candidato com essa bandeira;
– 61% declararam que “não votariam de jeito nenhum” em quem propusesse essa impunidade;
– 6% não souberam opinar.
O povo brasileiro deixou claro que não está disposto a trocar democracia por conveniência política. Essa ampla rejeição indica que, por mais que líderes golpistas e seus “intelectuais” de araque tentem normalizar o retrocesso, a cidadania mostra resistência. Quem apostava na nostalgia autoritária recua diante do veredito popular.
O trâmite das alegações finais no STF
Enquanto isso, avançam no Supremo Tribunal Federal as alegações finais contra Jair Bolsonaro e mais seis réus no inquérito que apura a tentativa de golpe. As defesas têm até meados de agosto para apresentar seus argumentos, sucedendo a PGR, que já requereu a condenação de todos os envolvidos.
Entre os acusados estão nomes de peso do bolsonarismo: Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Enquanto isso, os arautos do bolsonarismo tentam empurrar impunidade goela abaixo do povo. Mas o cronograma está firmado, e, encerrado o prazo, o caso seguirá para julgamento na Primeira Turma do STF em data ainda a definir no segundo semestre.
A mobilização popular e o resultado da pesquisa Datafolha servem como termômetro do ambiente político: a maioria não aceita que se passe uma borracha na tentativa de golpe. A expectativa é que, diante de tamanha rejeição, os magistrados sintam o pulso da sociedade e reforcem o compromisso com a lei e a democracia. A batalha pelas ruas agora ganha eco nos corredores do Supremo.
O cenário está montado. De um lado, a fúria golpista que ainda insiste em pactuar com impunidade; do outro, a voz da maioria que não abre mão de ver justiça feita. Esse embate promete ser o termômetro da saúde democrática do Brasil nos meses que vêm pela frente.