A cena na Câmara dos Deputados beira o surreal: oposicionistas do PL transformam o plenário em palco de espetáculo, carregando até bebês para reforçar a farsa de “coragem” contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. Enquanto a tropa bolsonarista grita por golpes e invectivas, uma deputada teve a ousadia de admitir que usou sua própria filha como escudo humano – sim, literalmente uma criança em meio a uma encenação política. O que era para ser apenas mais um protesto contra o Supremo vira caso de polícia, denúncia ao Conselho Tutelar e motivo de piada amarga sobre a hipocrisia da direita.
A farsa do “escudo” infantil
Na noite de 6 de março, Julia Zanatta (PL-SC) sentou-se na cadeira de Hugo Motta e, em rede social, proclamou: “Plantão na Câmara dos Deputados para tomada de providências. Estou sentada na cadeira do presidente Hugo Motta. Ahhhh quantas coisas poderíamos fazer se o titular dessa cadeira tivesse coragem”. Logo depois, admite usar a filha como escudo. Bastou esse confessionário para que o país inteiro se perguntasse: que tipo de ser humano coloca um bebê no fogo cruzado de uma disputa política?
Usar uma criança para barrar o Estado de Direito é o ápice do cinismo. A deputada Carol de Toni (PL-SC) também levou sua filha pequena para o mesmo ato de desespero, completando o espetáculo de ruindade. Enquanto isso, os verdadeiros escudos – as instituições democráticas – permanecem intocadas, mas ameaçadas pelo bolsonarismo que se encharca de teatralidade.
Do plenário ao Conselho Tutelar
Sentindo o cheiro de escândalo, o deputado Reimont (PT-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos, tomou uma atitude que não caberia num roteiro bolsonarista: acionou o Conselho Tutelar de Brasília para investigar a exposição indevida de uma criança. Em ofício, ele alertou que “tal conduta suscita sérias preocupações quanto à segurança da criança, que foi exposta a um ambiente de instabilidade, risco físico e tensão institucional”. É a democracia se defendendo da própria cartelização bolsonarista, onde tudo vale para alimentar o culto ao autoritarismo.
Enquanto isso, Hugo Motta ameaça suspender mandatos e usar a polícia legislativa para desocupar o plenário. Seria cômico se não fosse trágico: de um lado, deputados de direita agridem o Estado de Direito para proteger um réu do STF; do outro, o presidente da Câmara tenta manter a ordem que essa mesma bancada tanto desacredita. Eles atacam a democracia para salvar um golpista!
A justificativa de Zanatta — de que esse ataque só quer inviabilizar o “exercício profissional de uma mulher” — não basta para esconder o caráter abjeto da manobra. Será que se preocupam mesmo com direitos das mulheres ou usam o feminismo de conveniência como escudo de vaidade política? Essa turma já escondeu muito dinheiro em paraísos fiscais e agora quer esconder seu autoritarismo atrás de carrinhos de bebê.
A disputa ultrapassa o jabuti de pelúcia e chega ao cerne da crise democrática brasileira. A tentativa de deslegitimar decisões do STF e do Legislativo por meio de ocupações, ameaças e uso de crianças só reforça o caráter golpista da extrema direita. Do lado de cá, precisamos responder com unidade popular e mobilização social: barganhar com triplex, ocupar plenários e levar bebês a protestos não vai nos amedrontar. Lula e o PT mostram que é possível unir prática eleitoral a um programa de transformação estruturante, resistir à ofensiva privatista e defender as estatais.
A cada farsa bolsonarista, reafirmamos: a luta socialista avança enquanto eles se enroscam em suas próprias rasteiras. Nada nos parará – nem escudos de papel, nem bebês em palanques de ódio. O povo merece mais do que teatrinhos de extrema direita; merece dignidade, emprego, saúde e escola pública. E é por isso que continuaremos nas ruas, nos sindicatos, nas redes e no Parlamento, pronto para desmontar o conservadorismo e erguer um projeto popular de verdade.