Antônio Carlos Rodrigues mal terminou de posar para a foto oficial da sua própria expulsão e já quer fazer drama de novela das oito. Como se não bastasse o show de contradições internas, a CPI do “meu partido, meu umbigo” ganhou um novo protagonista: o deputado que, até ontem, jura amor eterno ao PL e hoje se sente injustiçado por receber um “cartão vermelho” do comando de Valdemar Costa Neto. Mas qual é mesmo o crime desse deputado? Apoiar uma medida que, a rigor, mira ditadores, terroristas e — pasmem — ministros do STF!
Lei Magnitsky supostamente “absurda”?
Na boca de Antônio Carlos Rodrigues, aplicar a Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes seria “absurdo”. Pois é curioso: essa lei foi feita nos Estados Unidos para sancionar violações de direitos humanos mundo afora. Ela já atingiu gente como Bashar al-Assad e Nicolás Maduro, além de extremistas e corruptos pela África adentro. Então não era hora de o Brasil também usar essa lâmina afiada contra quem persegue opositores, restringe liberdade de expressão e passa por cima da Constituição?
“A aplicação dessa lei a Moraes é um exagero, um ataque injustificado ao poder Judiciário brasileiro”, declarou o deputado ao portal Metrópoles, tentando defender o indefensável. Mas será que ele esqueceu que o próprio Moraes mandou fechar sites e censurar manifestações políticas de críticos do governo federal?
O que mais chama atenção é a hipocrisia de comemorar diálogo com Trump enquanto se escancara apoio a atos antidemocráticos em solo nacional! Rodrigues pensa que, elogiando Moraes, vai ganhar tapinha nas costas do bolsonarismo raiz. Só que o PL não é terra de ninguém: Valdemar Costa Neto mostrou que quem dissente do script oficial sai automaticamente do camarote VIP.
A corda esticou demais
Afastado por insuficiência de lealdade (mas sempre com muita coerência, segundo ele mesmo), Rodrigues afirma que ainda não recebeu “comunicado oficial” de sua expulsão. Dá para acreditar? É como reclamar de ter sido eliminado de um jogo de futebol e ainda exigir ata da súmula!
“Fui surpreendido por notícias na imprensa sobre minha suposta expulsão do Partido Liberal”, lamentou-se o ex-ministro dos Transportes, esquecendo que quem faz política no Brasil precisa viver à mercê de acordos de bastidores e lealdades eternas — pelo menos até a próxima crise.
A saída de Rodrigues expõe a fragilidade interna do PL: um dia se proclama defensor intransigente do livre exercício do mandato; no outro, é escorraçado por blá-blá-blá de lealdade partidária. O festival de vaidade e intrigas lembra aquelas novelas onde ninguém sabe direito quem é vilão ou mocinho — mas todo mundo quer figurar na cena principal.
Estamos, portanto, diante de mais um capítulo da comédia tragicômica que a extrema-direita improvisada chama de “estratégia política”. Só que, desta vez, a plateia cansou de ser feita de palhaça.
Enquanto o PL tenta remendar sua credibilidade, o movimento de esquerda organizado assiste ao espetáculo e reforça a urgência de unificação em torno de um projeto que busque a verdadeira soberania nacional — com ou sem bênção yankee. Afinal, se vamos usar ferramentas legais para punir quem violou direitos democráticos, que seja sem medo de confrontar qualquer tiranete dentro ou fora das quatro linhas da Constituição!
Na disputa pela alma do país, episódios como esse servem de alerta: não é dando tapinha nas costas de agentes do Judiciário que se constrói um movimento popular. É hora de escolher lado de verdade, ou de ser engolido pelos fantasmas de retórica vazia e alianças de ocasião.