Nas redes, a velha máquina de mentira da direita voltou a funcionar a todo vapor: um vídeo antigo foi reaproveitado, descontextualizado e espalhado como prova de uma “vitória” para livrar Jair Bolsonaro — curiosamente sempre no momento em que o processo contra o clã se aproxima de momentos decisivos no STF. Por que isso importa? Porque enquanto eles fabricam narrativas, a responsabilidade política e jurídica segue seu curso. E quem pensa que a farsa é inocente, que acorde!
O que viralizou
Circularam postagens dizendo que a Câmara dos Deputados teria suspenso a ação penal contra Bolsonaro no Supremo. O vídeo mostrava um placar no plenário: 315 votos a favor, 143 contra e 4 abstenções, com parlamentares vibrando e gritando “Anuncia já”. No clímax do entusiasmo, alguém afirma que o caso estaria “suspenso” — e pronto: pronto estava o roteiro para a alegria da extrema-direita. “Resumo da ópera, está suspensa a ação do golpe”, diz o autor do vídeo — que, na verdade, é o deputado Maurício Marcon (Podemos-RS) em um post de 7 de maio de 2025.
Não satisfeito em republicar a peça antiga, o bolsonarismo deu camadas: neste resurgimento, o conteúdo apareceu logo após declarações do próprio clã no Senado. “Encaminharei ao presidente do STF um relatório sobre a possibilidade de suspensão do julgamento”, disse o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). E a tradicional colaboradora do delirante moralismo conservador, a senadora Damares Alves, publicou em seu site que defende a “suspensão imediata do julgamento de Bolsonaro”. Coincidência? Claro que não. É táctico, é golpista e é midiaticamente previsível.
Por que é mentira
O vídeo é real, mas foi cortado e colado em outro contexto. Ele refere-se a uma votação sobre o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), não a Jair Bolsonaro. A gravação data de 7 de maio de 2025 e tratou da suspensão de uma ação penal do STF contra Ramagem — episódio que o próprio tribunal acabou corrigindo dias depois, mantendo acusações por crimes gravíssimos como tentativa de golpe e organização criminosa. “As anotações com ataques às urnas eram ‘privadas’ e não foram enviadas ao ex-presidente”, afirmou o ex-diretor citado, Alexandre Ramagem, em depoimento ao STF, tentando minimizar sua própria participação. Mas a realidade processual não se dobra ao teatro das redes.
Repetir mentira não a torna verdade: reciclar um vídeo de maio para dizer que Bolsonaro está “livre” é a tática desesperada de quem já perdeu o eixo na política e na moral. Esses posts omitem o fio temporal: na ocasião, a 1ª Turma do STF ainda avaliava se aceitava a denúncia da PGR que transformou oito investigados em réus; mais tarde, o processo andou. Agora, com o julgamento em curso e o relator Alexandre de Moraes prestes a votar, a direita tenta criar um fato paralelo para confundir o povo.
Essa operação tem padrão: criar narrativa, espalhar pelo TikTok e X, e depois repetir em emissoras e sites afins — tudo para proteger o núcleo que tentou destruir a democracia. O curioso é que, enquanto fabricam desculpas e “vitórias”, precisamos lembrar que a disputa é política e institucional. Não se trata só de quem ganha a manchete, mas de impedir que o autoritarismo volte a comandar o país.
Não foi a Câmara que ‘liberou’ Bolsonaro — foi uma montagem de desinformação reciclada. E se queremos derrotar essa direita putrefata, não bastam golpes de mídia: é preciso organização, luta social e um projeto popular coerente. Por isso vemos no PT e em Lula não apenas uma alternativa eleitoral, mas elementos centrais de uma nova etapa de enfrentamento ao poder econômico e às redes golpistas. A desinformação vai continuar; nossa arma é a verdade, a mobilização e a política clara — sem medo de enfrentar os milionários e seus serviçais.