Circula mais uma lorota nas redes: disseram que o embaixador americano Richard Grenell desembarcou em Brasília para “fiscalizar” a aplicação da chamada Lei Magnitsky nos bancos brasileiros. Não só é mentira como é um exemplo campeão de como a direita—sempre deslumbrada com teorias conspiratórias—usa imagens geradas por inteligência artificial para semear pânico e atacar adversários políticos. Quem ganha com isso? Os mesmos de sempre: milícias digitais do ódio, bolsonaristas em desespero e quem lucra com caos e desinformação.
Como era a publicação falsa?
Perfis no X publicaram uma imagem criada por IA mostrando um homem de terno saindo de um avião com a inscrição “United States” na fuselagem. A legenda atribuía a foto a Grenell e afirmava que ele veio “para fiscalizar a aplicação da Lei Magnitsky, principalmente nos bancos”. Outra postagem foi mais cirúrgica e disse que ele “irá se reunir com o Presidente do Banco Central, o Diretor da Agência Reguladora de Transações Bancárias”. “O embaixador americano Richard Grenell chegou hoje em Brasília para fiscalizar a aplicação da Lei Magnitsky, principalmente nos bancos” — texto de uma das publicações no X. A peça foi compartilhada às pressas, teve dezenas de milhares de visualizações e depois foi apagada quando começou a cair por terra.
A manobra é previsível: uma imagem convincente, uma legenda alarmista e o combo infernal das redes sociais. Grenell, que teve papéis em administrações anteriores nos EUA e viajou como enviado para missões especiais, aparece nessas montagens como o fantasma imperial que “vem punir” aqui e acolá. Ridículo? Muito. Perigoso? Com certeza.
Por que a história é falsa?
O trabalho de checagem identificou a imagem como fabricada por inteligência artificial. O detector Hive Moderation apontou 99,9% de probabilidade de que a foto foi gerada por IA, ou seja, não há registro real do desembarque. Além disso, buscas em fontes de notícia, bem como nos perfis públicos de Grenell no X e no Instagram, não mostram qualquer registro de chegada ao Brasil. A tal “fiscalização” da Lei Magnitsky virou peça de marketing da mentira.
Para entender o contexto: a Lei Magnitsky é usada pelos EUA para aplicar sanções econômicas a indivíduos acusados de violações graves de direitos humanos — a expressão “pena de morte financeira” circula justamente por causa do impacto que essas medidas podem ter sobre ativos e negócios. O efeito político do boato se conecta justamente com a suspeita de que essas sanções poderiam mirar figuras do bolsonarismo; por isso, a peça foi pensada para inflamar um eleitorado já intoxicado por narrativas anti-institucionais.
“Probabilidade de 99,9% de a imagem ter sido gerada com esse recurso” — Hive Moderation
Essas histórias não caem do céu: são produzidas por pessoas e grupos com interesses claros. A desinformação funciona como arma política da direita para desgastar instituições, semeando desconfiança e abrindo espaço para soluções autoritárias. E, claro, para proteger oligarquias e interesses privados que não querem regulação nem controle estatal.
Não podemos nos contentar em apenas apontar a falsidade; é hora de combater politicamente os falsários. A esquerda tem que responder com factualidade, organização e combate cultural: desmascarar fake news, proteger as estatais e a soberania nacional, e fortalecer o projeto popular que o PT e o campo progressista representam hoje como alternativa eleitoral e de luta. Não se deixe enganar por imagens vistosas e legendas fabricadas — a desinformação é parte da ofensiva da direita para enfraquecer quem luta por direitos, serviços públicos e soberania. Exponha a mentira, compartilhe a checagem e vamos derrotar politicamente essa canalha que vive de ilusão e fake news!