luta socialista

Eduardo Bolsonaro troca número de celular após vazamento e ataques nas redes sociais

O vazamento do número de celular de Eduardo Bolsonaro e sua reação pública — trocar o aparelho e lamentar os insultos recebidos — é mais do que uma birra de família milionária: é um escândalo de tentativa de intimidação e de ataque às instituições democráticas que não pode ser tratado como fofoca de porta de butique. Enquanto o clã Bolsonaro tenta se esquivar com choros nas redes, a Polícia Federal desenha um quadro grave: pai e filho articulando pressões contra juízes e procuradores para atrapalhar investigações sobre a tentativa de golpe. E não, não estamos falando de exagero jurídico — são indícios documentados extraídos de celulares apreendidos.

Indiciamento e as mensagens que não se apagam

Eduardo afirmou no X que, no dia da publicação do relatório da Polícia Federal com seu indiciamento, “COINCIDENTEMENTE, vazaram meu número de celular. Entre insultos e chacotas que passei a receber, comunico que mudei meu número”. “COINCIDENTEMENTE, vazaram meu número de celular. Entre insultos e chacotas que passei a receber, comunico que mudei meu número” — Eduardo Bolsonaro. Uma narrativa pitoresca: primeiro o indiciamento, depois o vazamento, depois o protesto on-line. Enquanto isso, a Polícia Federal não está interessada em coincidências; está interessada em provas.

Segundo o relatório da PF, há indícios de que Jair e Eduardo Bolsonaro tentaram obstruir o processo que apura a trama do golpe. O documento aponta que as ações dos investigados “buscam atingir diretamente instituições democráticas brasileiras, notadamente o Supremo Tribunal Federal e, até mesmo, o Congresso Nacional Brasileiro”. “As mensagens demonstram que as sanções articuladas dolosamente pelos investigados foram direcionadas para coagir autoridades judiciais do Supremo Tribunal Federal (STF)” — Polícia Federal. Ou seja: não é blefe, é estratégia de intimidação.

Do celular apreendido com o ex-presidente foram recuperados áudios e conversas, alguns apagados, que mostram articulações com lideranças evangélicas e com o próprio Eduardo. Esses registros, segundo a investigação, corroboram tentativas de pressionar autoridades para favorecer interesses pessoais — essencialmente, evitar condenações e livrar a família da conta pelos golpes. “Com a finalidade de favorecer interesse próprio, qual a seja, impedir eventual condenação criminal do ex-presidente Jair Bolsonaro e demais réus…” — Polícia Federal. Traduzindo do juridiquês para o português claro: buscaram salvar seus rabos com manobras anti-democráticas.

É irônico — quase trágico — que o mesmo clã que vocifera contra “a velha política” e a “elite corrupta” use os instrumentos do poder e da intimidação para atacar o Estado de Direito. Enquanto isso, Eduardo decide se licenciar do mandato e morar nos Estados Unidos, atuando junto ao governo de Donald Trump para tentar pressionar contra o processo brasileiro. Hypocrisy? Não, vontade de poder transnacional mesmo. E, num capítulo que parece saído de novela mal escrita, Trump retribuiu com medidas comerciais duras: impôs tarifaço de 50% a produtos brasileiros. O preço da amizade bolsonarista com a extrema direita internacional: prejuízo às nossas exportações e mais sofrimento para trabalhadores.

O espetáculo é óbvio: um clã que se sente acima da lei, que implanta narrativas conspiratórias e, ao mesmo tempo, chora quando o público reage. As capturas de tela compartilhadas por Eduardo com mensagens xingando-o — “golpista”, “banana” — são as reações previsíveis de quem acompanha os fatos. Mas precisamos lembrar que as acusações não são insultos vazios; são sustentadas por provas e por um padrão de comportamento que visa destruir instituições.

O momento exige reação: mais do que risos sarcásticos (que não faltam), é hora de fortalecer as defesas da democracia e apoiar ações que punam tentativas de golpe. Para nós, que não confiamos nas soluções mágicas do mercado nem nos bilionários bonzinhos que aparecem para “salvar” o país, a defesa do Estado e das empresas estatais é essencial. Lula e o PT têm papel central nessa etapa de reconstrução política: não como apaziguadores corporativos, mas como atores capazes de canalizar a luta popular para derrotar definitivamente a direita golpista e suas ramificações. É hora de transformar escândalo em mobilização — e, com organização popular, fazer cair todo o castelo de cartas bolsonarista.

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