Os Estados Unidos decidiram transformar a diplomacia em espetáculo punitivo: revogaram vistos de servidores ligados ao programa Mais Médicos e passaram a qualificar uma política pública de saúde como “golpe diplomático”. Ao mesmo tempo em que ostentam moralismo seletivo, os ianques atacam quem levou médico para onde o mercado nunca quis ir — as periferias e o interior onde o SUS é a única esperança. Não aceitaremos essa intromissão imperial e conivente com a direita brasileira que odeia o serviço público!
O Mais Médicos nasceu no governo Dilma e foi retomado por Lula com uma clareza: levar profissionais de saúde para áreas abandonadas pelo mercado e pelo saque privatista. A parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) permitiu a participação de médicos cubanos, que ocuparam postos que brasileiros e brasileiras mereciam — e que o Estado deu. Quando a saúde vira alvo de ofensiva geopolítica, o que está em jogo é muito mais do que vistos: é a soberania sanitária e a defesa das estatais e dos serviços públicos. Nenhum visto americano vai calar a solidariedade internacional e o compromisso com a vida.
Ministro e presidente reagem
Após o anúncio, o ministro da Saúde Alexandre Padilha colocou os pontos no i: “O programa salva-vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira” — Alexandre Padilha. É simples: a população que teve atendimento quer mais políticas públicas, não manchetes de embaixada. E Lula, sempre firme contra a chantagem e a hipocrisia imperial, lembrou o caráter político do ataque e defendeu a relação com Cuba: “É importante que os Estados Unidos saibam que a relação do Brasil com Cuba é uma relação de respeito de um povo que é vítima de um bloqueio há 70 anos” — Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao se dirigir a Mozart Sales, secretário que teve o visto cancelado, o presidente foi enfático e até bem-humorado sobre a arrogância do castigo: “Mozart, não fique preocupado com o visto dos EUA. O mundo é muito grande, o Brasil tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados, você tem lugar para andar no Brasil pra caramba, cara, não se importe. Lugar bonito” — Luiz Inácio Lula da Silva. Que ironia: o norte imperial tenta punir um servidor público enquanto a esquerda insiste em construir saúde pública universal!
Os argumentos dos EUA — e a conveniência hipócrita
Do lado de lá, a narrativa é pronta: o programa seria um “esquema” que “explorou médicos cubanos” e “enriqueceu o regime cubano corrupto”. A embaixada americana em Brasília foi direta nas redes: “O Mais Médicos do Brasil foi um golpe diplomático que explorou médicos cubanos, enriqueceu o regime cubano corrupto e foi acobertado por autoridades brasileiras e ex-funcionários da OPAS” — Embaixada dos Estados Unidos em Brasília. E o secretário de Estado, Marco Rubio, completou com o linguajar punitivo habitual: “Nossa medida envia uma mensagem inequívoca de que os Estados Unidos promovem a responsabilização daqueles que possibilitam o esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano” — Marco Rubio.
Se alguém acha que essa investida tem a ver com proteger trabalhadores, está enganado. É política exterior com cheiro de meia dúzia de interesses: militar, geopolítico e, por que não, de setores neoliberais que sonham privatizar tudo o que o povo conquistou no Brasil. Essa punição é um ataque ao direito do povo brasileiro à saúde pública. A retórica anti-Cuba serve para mascarar a intenção real: enfraquecer iniciativas públicas e legitimar a cantilena privatista que a direita deseja impor.
O que fazer? Defender o Mais Médicos é, hoje, defender o SUS e a autonomia do Brasil diante de potências que confundem diplomacia com intimidação. É hora de responder politicamente, mobilizar a sociedade e expor a hipocrisia dos que fingem moral enquanto patrocinam a desassistência e a privatização. A saúde das periferias não é moeda de troca em negociações entre embaixadas — é direito de classe trabalhadora e fruto de luta coletiva.