No tabuleiro político do Brasil, a prática de deputados “sumirem” do mandato sem perder salários se tornou rotina entre os bolsonaristas – enquanto a esquerda segue firme na trincheira popular. É um verdadeiro escárnio ver quem defende o “patriotismo” pular fora do plenário para cumprir agendas particulares (ou interesses escusos), deixando a população órfã de representatividade e protestando contra toda a ordem neoliberal que esses parlamentares ajudaram a fortalecer.
O caso explosivo de Carla Zambelli
Carla Zambelli (PL-SP) conquistou um feito inédito: presa na Itália após condenação do STF por invadir sistemas do CNJ, a deputada se licenciou por **127 dias** – 7 para tratamento de saúde e 120 por interesse particular – sem receber um centavo do erário. Enquanto sua lente de aumento mira supostos “atritos” de parlamentares de esquerda, Zambelli desfruta de exílio dourado. Seu suplente, Coronel Tadeu, tomou posse e sobrecarrega a bancada do PL, num lembrete de que a farsa das licenças revela o esvaziamento dos “representantes do povo” mais preocupados em proteger seus privilégios do que em defender o Brasil.
“O processo de cassação dela pode ir para votação na CCJ em agosto”, alertou Paulo Azi (União-BA), presidente da Comissão de Constituição e Justiça, lembrando que a conta pode chegar rápido para quem transformou o parlamento em palco de espetáculos antirrepublicanos.
Eduardo Bolsonaro e o paraíso fiscal político
Em março, Eduardo Bolsonaro anunciou que tiraria uma “licença” para morar nos EUA – e não voltou mais. Oficialmente, o afastamento acabou em julho, mas o deputado segue no exterior, reunido com oficiais americanos e contribuindo para sanções de Trump contra exportações brasileiras. É patente como o bolsonarismo conjuga traição externa e cinismo interno: Eduardo virou alvo de inquérito no STF por tentar usar sanções econômicas para influenciar processos contra o próprio pai. E, mesmo com faltas sucessivas, não corre risco real de perder o mandato – graças aos compadres que controlam a Mesa Diretora, que fecha os olhos para a ausência voluntária.
A conta de frequência baixíssima já poderia resultar em cassação, mas aliados articularam um acordo para “preservar o mandato” sem que o deputado passe nem um dia a mais em Brasília. Resultado? O Brasil segue refém de um parlamentar mais interessado em negócios internacionais do que em votar reformas populares.
Licenças, remuneração e o contraste com a esquerda
O regimento da Câmara prevê diversos tipos de licença: saúde, interesse particular, missão internacional ou assunção de cargos no Executivo. Deputados que viram ministros, como Alexandre Padilha (Saúde), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Luiz Marinho (Trabalho), abrem mão temporária das atividades legislativas para integrar o governo Lula – mas mantêm salário e benefícios quando a licença é por saúde, e recebem normalmente como ministros quando partem para o Executivo.
Nas licenças por interesse particular, porém, o parlamentar deixa de auferir salários e cotas parlamentares. Ainda assim, muitos bolsonaristas preferem essa via para escapar de debates e votações que comprometeriam suas benesses. É a nova técnica de obstrução: “me afasto para não atrapalhar minha agenda particular”, dizem, enquanto se reunem com magnatas e potências estrangeiras.
De um lado, petistas e aliados do campo popular entregam a cara ao povo, vestindo a camisa do Estado e garantindo atendimento na ponta. Do outro, a direita neoliberal faz do parlamento um balcão de negócios e refúgio para fugidios de plantão.
Ao final, a verdade vem à tona: não é coincidência o Brasil ter mais de 30 deputados eletivos fora do exercício do mandato. Essa vergonha nacional revela o caráter excludente e predatório da direita parlamentar, que trata a Câmara como parque de diversões para a elite. Entre prisões e viagens, Brasília vira palco de um grande teatro de sombras, onde quem deveria lutar por direitos pleiteia privilégios com ares de estratégia política.
Só com resistência popular e uma bancada verdadeiramente comprometida com o povo poderemos desmascarar essa farsa e reconquistar o parlamento para a transformação social. Afinal, enquanto a direita dança no escândalo, a luta socialista segue nas ruas, nos sindicatos e nos movimentos comunitários, pronta para retomar o protagonismo que é nosso por direito.