O protesto no MASP e na Avenida Paulista deixou claro o que muitos já suspeitavam: o bolsonarismo não está apenas pedindo anistia para o seu líder — está tentando vender um pacote de retrocessos à nossa democracia. Milhares foram às ruas contra a chamada PEC da Blindagem e o Projeto de Anistia, e a imagem que ficou foi a de um bloco conservador tentando costurar impunidade e mudança institucional em nome de interesses mesquinhos. É preciso nomear os responsáveis e expor essa aliança rasteira com toda a força!
O bolsonarismo começou a semana colhendo faturas caras na política a um ano da eleição. Não é só simbólico: as manifestações mostraram que a população percebeu a cola entre duas medidas nocivas — a anistia, querida pelos fanáticos do ex-presidente, e a PEC que pode blinda poderes e reduzir salvaguardas democráticas. Esse “combo” que tentam empurrar goela abaixo não passou despercebido.
O combo desastroso
A leitura política foi fatal para Bolsonarismo e Centrão unidos: a narrativa pública passou a associar ambos como patrocinadores de um pacote que ameaça direitos e garantias. Um combo da direita e do Centrão foi justamente a mensagem que ficou — e isso é um desastre para quem aposta apenas na anistia. Não é exagero: a manobra expôs interesses privados e políticos sobrepondo-se ao interesse público, e a reação social foi imediata.
“Eu acho que, hoje, os bolsonaristas estão muito preocupados porque esse ato fez uma cola entre anistia e PEC da blindagem. É um combo. Um combo da direita e do Centrão. Ficou essa mensagem de que havia um combo, isso para o bolsonarismo é um desastre porque para eles o essencial é a anistia” — Carlos Ranulfo, cientista político.
As imagens no MASP e em outras cidades serviram de alerta: quando deputados e partidos se alinham para proteger poderosos, o povo responde. A pressão nas ruas tem um efeito direto sobre o desgaste político de quem vota a favor desses projetos; guardar sigilo sobre quem votou para favorecer esse pacotaço seria fingir que a cidadania é secundária. A Câmara, em especial, fez um movimento que só aumentou a revolta e o descrédito.
“Existe um campo progressista mais amplo que se mobiliza contra o retrocesso. O Congresso já não é bem-visto pela população brasileira. Na hora que a Câmara faz uma coisa dessa ela provoca revolta nas pessoas. A Câmara deu um enorme passo em falso. Espalhar as fotos de quem votou a favor vai causar desgaste a deputados, mas o presidente da Câmara foi quem mais se desgastou” — Carlos Ranulfo, cientista político.
Hugo Motta, que tenta personificar o tal Centrão, acabou virando alvo principal — merecidamente! O presidente da Câmara, ao abrir espaço para tramitações que favorecem a blindagem e a anistia, assina seu próprio atestado de incapacidade democrática. É curioso ver como o Centrão, vestido de pragmatismo, se revela cúmplice de um projeto que beneficia ricos, milicianos e aliados do bolsonarismo.
A tarefa agora é clara: fortalecer e ampliar a mobilização popular contra esses ataques. Lula e o PT, mais do que meros atores eleitorais, têm papel central em articular uma frente ampla que leve adiante um projeto popular autêntico — que defenda estatais, serviços públicos, e enfrente privatizações que servem só aos bilionários. Nós, como esquerda, precisamos transformar a indignação das ruas em poder organizado, projeto e estratégia.
As manifestações mostraram que a democracia ainda respira quando a sociedade se move. Não basta condenar nas redes; é hora de cobrar nos municípios, nas ruas e, sobretudo, nas urnas. Se o combo da direita e do Centrão quer amarrar o futuro do país ao passado autoritário e ao capital concentrado, responderemos com unidade, organização e luta. A política deles é escancaradamente para poucos — nossa política precisa ser para muitos.