O governo dos Estados Unidos resolveu transformar vistos em arma política e dar mais um tapa na cara da soberania brasileira: nesta semana, vistos de familiares do ministro Alexandre Padilha e de servidores ligados ao programa Mais Médicos foram revogados por Washington. A justificativa oficial? “Informações indicando” que as pessoas não seriam mais elegíveis — tradução: expediente burocrático para uma operação política que mira quem ajudou a estender atendimento de saúde a milhões de brasileiras e brasileiros. Quem ganha com isso? A direita golpista e seus padrinhos externos. Quem perde? O povo que precisa de saúde pública de qualidade.
O que foi revogado e por quê
Documentos do Consulado dos EUA em São Paulo comunicaram o cancelamento dos vistos da esposa e da filha de Padilha — que, vale lembrar, está sem visto desde 2024 — e informaram que a validade do documento impede a entrada no país; se a pessoa já estiver no território americano, pode permanecer até o fim do período de vigência, mas o visto é cancelado assim que sai do solo dos EUA. Além das familiares de Padilha, foram afetados Mozart Julio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor de Relações Internacionais do Ministério da Saúde, agora coordenador para a COP30. Segundo a nota norte-americana compartilhada pela embaixada em Brasília, o Mais Médicos seria “um golpe diplomático que explorou médicos cubanos, enriqueceu o regime cubano corrupto e foi acobertado por autoridades brasileiras e ex-funcionários da Opas”. (Declaração atribuída à Embaixada dos Estados Unidos em Brasília / Departamento de Estado)
É revoltante ver os EUA atacarem um programa que levou médico a quem vive em periferia, enquanto financiam e protegem forças de direita que destroem serviços públicos. Essas manobras não são “defesa de democracia”; são tentativa de punir quem ousou priorizar saúde pública sob um governo progressista.
Respostas e hipocrisia evidente
Padilha não se intimidou: “o programa sobreviverá a ataques injustificáveis de quem quer que seja”, afirmou Alexandre Padilha. Ele ressaltou ainda que “o programa salva-vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira”. Palavras que expõem o contraste entre a prática — levar médicos a lugares onde nunca havia atendimento — e a narrativa de confeitaria diplomática que os EUA tentam vender.
Do lado oposto, Eduardo Bolsonaro, que trocou o mandato por uma busca de proteção e conchavo com a extrema-direita norte-americana, comemorou a medida: “reforça o compromisso da administração Trump em conter e punir regimes autoritários”, postou ele. Não é irônico? O mesmo Eduardo que atua para minar instituições brasileiras celebra uma intervenção estrangeira que pretende “punir” o Brasil por julgar tentativas de golpe do bolsonarismo. Onde está o patriotismo desses mercadores de subordinação?
Se depender da direita e de seus amigos no exterior, qualquer política soberana que beneficie o povo será tachada de crime diplomático. Assim tentam criminalizar a solidariedade internacional, o investimento em estatais e programas públicos que funcionam.
Isso também não é fato isolado: em julho, os EUA já haviam revogado vistos de familiares do ministro Alexandre de Moraes e de outros sete ministros do STF — uma cadeia de intimidações que precisa ser vista como o que é: ingerência política.
O alvo declarado (e hipócrita) é Cuba e uma suposta “exploração” de médicos; a consequência prática é bloquear a construção de autonomia brasileira em saúde. O Mais Médicos, lançado em 2013 e responsável por preencher lacunas profundas na Atenção Básica, foi atacado desde o início pela direita racista e elitista que prefere hospital privado ao SUS universal. Agora usam sanções para punir gente que exerceu política pública séria.
É hora de responder com clareza: defender o Mais Médicos é defender o SUS, é defender o Estado que atende o povo. Não aceitaremos que visas e trocas diplomáticas transformem solidariedade em crime. Se buscam punir quem desafiou interesses comerciais e geopolíticos, encontrarão resistência. Lula e o PT, que colocaram no centro a questão social, não são apenas uma alternativa eleitoral — são parte de uma etapa necessária de reorganização popular contra a direita entreguista. Quem bate no Mais Médicos bate no povo brasileiro; e contra isso, a luta socialista segue firme.