O governo anunciou uma ofensiva tecnológica contra a farra financeira que vinha acontecendo nas sombras: o Ministério da Fazenda vai empregar inteligência artificial para monitorar fintechs e fundos de investimento com o mesmo rigor aplicado aos bancos tradicionais. A medida é resposta direta à operação que escancarou como organizações criminosas transformavam plataformas digitais em lavanderias de bilhões — e é hora de dar um basta nessa impunidade que prosperou no silêncio da desregulamentação neoliberal!
Migração para legalidade
O ministro Fernando Haddad deixou claro que a ferramenta não é brinquedo de tecnocrata: é instrumento de combate ao crime. “A farra das fintechs e fundos de investimento a serviço de grupos criminosos vai acabar”, disse Fernando Haddad. O objetivo é rastrear quem coloca e retira dinheiro, entender os trajetos das movimentações e identificar responsáveis por operações atípicas. “Usaremos a inteligência artificial que já dispomos para rastrear e acompanhar o que entra e o que sai das fintechs. Quem abastece as contas, como se dão as movimentações, pra onde foi o dinheiro. Quem está fazendo o quê”, explicou o ministro à TV Globo.
A Receita e a Fazenda assumem o protagonismo que o Brasil precisa: fortalecer o estado, aperfeiçoar a fiscalização e quebrar os esquemas que florearam durante anos de apologia ao mercado livre de todo controle. Não se trata de perseguir tecnologia: trata-se de impedir que ela seja usada para blindar corrupção e lavagem de dinheiro. Afinal, quem acreditou que a privatização e a desregulação trariam “eficiência” foi o mesmo coro de imprensa e bilionários que fecham os olhos quando o lucro vem do crime.
“Movimentações atípicas, entra e sai sem identificação clara, tudo isso a nossa IA vai pegar e vamos pra cima de quem estiver fazendo coisa errada. Vamos seguir o dinheiro do criminoso”, concluiu Haddad. Essa é a lógica: rastrear, bloquear e sequestrar ativos irregulares, desmontando as contas paralelas que alimentaram uma economia subterrânea.
Operação Carbono Oculto
A ação que precipitou essa resposta foi a Operação Carbono Oculto, que mobilizou cerca de 1.400 agentes, atuou em oito estados e mirou mais de 350 alvos entre pessoas e empresas. As investigações apontam para um esquema que sonegou pelo menos R$ 7,6 bilhões e adulterou combustíveis em centenas de postos — um parasitismo que corrói o país inteiro. Ainda segundo a Fazenda, R$ 52 bilhões de organizações criminosas transitaram por fintechs ligadas ao crime organizado nos últimos quatro anos, e o PCC chegou a controlar pelo menos 40 fundos com mais de R$ 30 bilhões de patrimônio. “Depois de hoje, o crime organizado vai ter que encontrar outros meios”, afirmou Haddad.
O tamanho do esquema mostra que não estamos diante de pequenos delitos isolados, mas de estruturas financeiras sofisticadas que só foram possíveis graças à conivência ideológica com a desregulação e à glorificação do “mercado” que não presta contas. Não podemos substituir o Estado por algoritmos do mercado: precisamos de Estado forte, estatais bem geridas e fiscalização independente!
Para quem vive de atacar o Estado e a esquerda, esse momento é um inferno: a mesma máquina estatal que eles tentaram esvaziar agora exibe capacidade técnica e coragem política. Lula e o PT, ao reinvestir no papel regulador do Estado, não apenas oferecem alternativa eleitoral, mas abrem caminho para uma etapa mais profunda de combate ao capital predatório e à direita que o protege.
Se a inteligência artificial vai resolver tudo? Não. Mas será uma ferramenta indispensável na luta contra o dinheiro sujo — desde que esteja a serviço do interesse público, da Receita e da Justiça, e não dos lucros privados. Que sirva de aviso: ou se acaba com a farra dos criminosos blindados por fintechs, ou a sociedade volta a pagar a conta enquanto os ricos de sempre comemoram.