O governo federal lança nesta quinta-feira (4) em Minas Gerais o programa “Gás do Povo”, que substitui o Auxílio Gás e promete ampliar substancialmente o alcance do benefício: de 5,4 milhões de famílias para algo em torno de 15,5 milhões de lares. É uma medida que, na superfície, corrige uma distorção óbvia — combustível de cozinha não é luxo — e traz alívio concreto a milhões de famílias que vêm sofrendo com a carestia imposta por décadas de políticas que favorecem banqueiros e empresas. Mas, como sempre, a política exige vigilância: será justiça social duradoura ou remendo temporário para acalmar a plateia?
Quem terá direito
O programa é dirigido a famílias inscritas no Cadastro Único com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa. Segundo o governo, a ideia é começar a operar em novembro, beneficiando pessoas em situação de maior vulnerabilidade. Ampliar o alcance do auxílio é uma necessidade urgente diante da inflação e do empobrecimento do povo. Ao mesmo tempo, temos que entender que chegar a 15,5 milhões de lares não é um capricho técnico: é recuperar parte do que o Estado deixou de garantir quando privatizou e desmontou políticas públicas.
“O Gás do Povo é um programa de proteção social, que dá dignidade e mais dinheiro no bolso de quem mais precisa”, afirmou Alexandre Silveira. Foi o ministro de Minas e Energia quem falou — e é o mesmo ministério que desenhou o programa. Vale lembrar: a política social que dá resultado precisa de compromisso, financiamento e gestão pública forte, não de improviso ou interesses privados.
Como vai funcionar
Segundo o governo, os beneficiários poderão retirar o botijão gratuitamente em 58 mil postos de revenda credenciados que ostentarão a placa “Aqui tem Gás do Povo”. Para a retirada bastará apresentar cartão do Bolsa Família, cartão da Caixa, vale retirado em casas lotéricas ou o aplicativo da Caixa. O governo também estuda a retomada da distribuição por “gaiolas” em postos de combustíveis para facilitar a entrega em áreas mais afastadas. Quem governa de verdade garante estrutura, não só discurso bonito para redes sociais.
A retirada física do botijão em pontos credenciados resolve parte dos problemas logísticos, mas dependerá da ampliação da rede de revenda, fiscalização contra fraudes e da garantia de que os postos privados não passem a explorar a medida para lucros extras. O uso de vouchers ou créditos específicos, ao invés do repasse em dinheiro, busca reduzir desvios — mas também exige transparência tecnológica e controle social para não se transformar em nova burocracia que exclui quem mais precisa.
Diferença para o Auxílio Gás
Hoje o Auxílio Gás consiste em transferência em dinheiro. O “Gás do Povo” muda o formato: vouchers ou créditos que só podem ser usados para retirar o botijão, com o objetivo declarado de evitar desvio do recurso. O pacote seguirá ao Congresso por meio de Medida Provisória e tem custo estimado em R$ 5 bilhões para 2026. O lançamento ocorrerá no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, com presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ministro-chefe da Casa Civil Rui Costa e do ministro Alexandre Silveira.
A direita dirá que é “populismo” e os bilionários vão chiar — como sempre. Mas quem vive no aperto sabe: ter gás para cozinhar é uma questão de dignidade e de saúde. Enquanto desmontavam estatais e entregavam serviços ao mercado, milhões de famílias viram direitos básicos se tornarem mercadorias. O Gás do Povo pode ser um passo real na reversão desse processo, desde que não se limite a um paliativo eleitoral.
Se queremos que essa medida seja efetiva, é preciso exigir transparência, ampliar serviços públicos, manter monitoramento popular e articular a política social com reindustrialização e controle de preços. Lula e o PT têm agora a tarefa histórica de transformar medidas como essa em política de governo que ataque a raiz do problema: a concentração de renda e o poder dos especuladores. Quem quiser apenas criticar por reflexo ideológico ficará do lado de sempre — o lado dos que lucram com o sofrimento. E nós? Nós seguiremos na trincheira, cobrando e ampliando cada vitória do povo.