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Gastos de R$ 3,65 milhões no 1º semestre: Ex-presidentes mantêm luxo bancado pelo Estado

Desde a Constituição de 1988 ex-presidentes não recebem salário nem pensão vitalícia — uma conquista democrática importante. Mas a velha prática dos “custos de honraria” sobrevive em outra forma: a lei (de 1986, aperfeiçoada por decretos) garante a cada ex-chefe de Executivo dois veículos e uma equipe de apoio — composta por 4 servidores para segurança e apoio pessoal, 2 motoristas e 2 assessores em cargos de comissão — além de auxílios para diárias, viagens, auxílio-moradia, segurança e telecomunicações. O resultado? No primeiro semestre de 2025, essas regalias consumiram R$ 3,65 milhões; entre 2021 e 2024, as despesas ultrapassaram R$ 31,7 milhões (incluindo gastos do presidente Lula em 2021–22). Não é luxo privado: é o Estado bancando o conforto da elite política enquanto o povo segue apertado!

Quanto cada ex-presidente custou no primeiro semestre de 2025

Jair Bolsonaro — R$ 521.073,00. A equipe de oito servidores teve R$ 310.119 em salários; R$ 134.306 em passagens nacionais; R$ 53.772 em diárias; R$ 15.008 em manutenção de veículos e R$ 4.767 em combustíveis. Alguém disse “economia”? É o mesmo que ver o bolsonarismo continuar sugando recursos públicos para manter aparatos pessoais — enquanto sua retórica privatista elogia bilionários que querem trucidar estatais.

Michel Temer — R$ 554.414,56. Também com oito servidores, onde R$ 421.231 foram para salários; R$ 56.219 em diárias no exterior; R$ 48.273 em passagens internacionais; despesas menores em combustíveis e diárias nacionais. A conta do “prestígio” presidencial vira voilà: um mini-orçamento para manter ex-mandatários em circulação.

Dilma Rousseff — R$ 862.499,38, com sete servidores (um a menos que o permitido). Desde abril de 2023 Dilma preside o Novo Banco de Desenvolvimento (BRICS). Neste semestre foram R$ 408.710 em salários; R$ 130.782 em ajuda de custo; R$ 129.208 em despesas de missões no exterior; R$ 83.495 em passagens internacionais e R$ 51.995 em indenização de representação no exterior. É legítimo que ex-presidentes com papel internacional tenham custos, mas precisa haver transparência e limites — e que esses limites não virem pretexto para ostentação.

Fernando Henrique Cardoso — R$ 368.853,05. A maioria do gasto foi salários (R$ 359.781), com pequenas despesas em combustíveis, seguros e manutenção de veículos. Um custo “minimalista” na comparação, mas ainda financiado com dinheiro público num país marcado por desigualdade.

Fernando Collor — R$ 931.590,85, um dos maiores gastos do semestre com sete servidores. Entre os itens: R$ 412.404 em salários; cerca de R$ 259.544 em passagens nacionais; R$ 198.433 em diárias; R$ 20.627 em veículos e combustíveis. Luxo? Gestão orçamentária criativa que pesa nas costas do trabalhador.

José Sarney — R$ 410.454,73, com sete servidores: R$ 361.406 em salários; R$ 22.707 em diárias; R$ 16.426 em veículos e combustíveis; R$ 7.981 em passagens. O padrão é claro: grandes parcelas vão para pessoal, depois para viagens e aparatos.

A lei que regula esses benefícios não fixou um teto claro; só exige respeito à Lei de Responsabilidade Fiscal sobre pessoal (máximo de 50% da Receita Corrente Líquida). Ou seja: há margem para gasto — e margem para abuso. Esses recursos poderiam alimentar escolas, hospitais e estatais que realmente servem ao povo, em vez de bancar o conforto de quem já passou pelo poder.

Não se trata apenas de economizar alguns milhões: é uma questão política. Defender estatais, combater privatizações e enfrentar os bilionários que lucram com serviços públicos é também exigir que recursos do Estado sirvam ao interesse coletivo — e não ao descanso dourado de ex-mandatários ou ao festival de viagens de cortesia. Precisamos de transparência, teto real para esses benefícios e uma política que direcione recursos para quem produz e sofre neste país. É hora de desmantelar os privilégios da direita e fortalecer um projeto popular que use cada centavo público para atender ao povo. Lula e o PT — com todos os limites e críticas necessárias — estão no centro de um movimento que pode transformar essa disputa: que seja para ampliar o serviço público, não para manter regalias.

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