A truculenta barragem tarifária de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre frutas brasileiras não é apenas mais uma medida protecionista: é um escárnio direto aos trabalhadores do campo e um instrumento de chantagem política. Enquanto o agronegócio chora prejuízos e procura novos mercados, os fiéis escudeiros de Bolsonaro – hoje à beira do congelamento de bens – reuniram-se em Brasília para cobrar um governo eleito democraticamente. Não seria cômico, se não fosse trágico!
O circo dos governadores oposicionistas
Na residência de Ibaneis Rocha (MDB), no Distrito Federal, desfilaram Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Jorginho Mello (PL-SC), Ratinho Jr. (PSD-PR), Cláudio Castro (PL-RJ), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO), Mauro Mendes (União Brasil-MT) e Wilson Lima (União Brasil-AM). Todos batendo palmas para Trump e reclamando que o governo Lula não faz “o bastante” para agradar o império. Que doloroso espetáculo de subserviência!
“Existe uma questão de imprudência em termos de relação internacional. A gente acabou indo para um caminho muito ruim, um caminho que acabou agredindo um parceiro histórico do Brasil. A gente precisa cobrar do governo federal” – Tarcísio de Freitas
Seguiu-se um rolo compressor de exigências: cronogramas, prazos, pacotes de mitigação… Tudo para minimizar o efeito do golpe econômico patrocinado pela Casa Branca, mas sem ferir os interesses do grande capital nacional. Afinal, governador que se preze não discute reforma agrária nem questiona latifúndios, mas sim as migalhas que caem da mesa dos exportadores.
“Se o presidente Lula não quer conversar e a ele interessa a crise, nós governadores não. Nós queremos ampliar mercados” – Ronaldo Caiado
Caiado, aliás, aproveitou para criticar Lula por não ter “telefonado para Trump”. Como se o Brasil fosse terra de ninguém e um simples telefonema bastasse para desmontar a sanha protecionista americana. Enquanto isso, a direita demanda anistia para golpistas e promete livrar de punição quem atentou contra a democracia em 8 de janeiro. É a quadrilha do bolsonarismo em plena atividade!
“Nós temos que cobrar do presidente Lula que ele assuma o protagonismo dessa negociação” – Mauro Mendes
Para selar o pacto com os generais do agronegócio, os governadores defenderam também a votação de uma anistia ampla e irrestrita no Congresso Nacional. Tarcísio clamou pela “independência dos Poderes” – em outras palavras, pela impunidade dos golpistas – enquanto Caiado prometeu, caso eleito presidente, livrar do cárcere quem organizou o ataque às instituições.
Jogada de cena e pressões ao Congresso
Além das queixas a Washington, o grupo decidiu acionar líderes partidários para “fortalecer” a atuação das bancadas no Congresso, buscando assegurar a tramitação célere da anistia. É a velha retórica da “desescalada da crise”, que em verdade visa silenciar investigações e salvar aliados do ex-vice-presidente que sonha em retomar o poder pelo voto ou pela força.
E, enquanto isso, Lula permanece na linha de frente das negociações, equilibrando a necessidade de defender os agricultores familiares e de retomar o protagonismo geopolítico do Brasil sem se curvar às imposições dos EUA. A esperança popular está na solidez de um projeto anticapitalista que priorize as estatais, exija respeito à soberania e não ceda às pressões neocolonialistas.
No fim das contas, fica claro: a direita insiste em rastejar para o Tio Sam e abraçar a impunidade golpista, enquanto caberia a Lula e aos movimentos populares erguerem um escudo em defesa da democracia, da justiça social e de um país verdadeiramente soberano.