O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta sexta (29), em evento sobre biocombustíveis em Minas Gerais, a criação de um conselho ligado diretamente à Presidência para tratar da exploração de minerais críticos — um passo necessário, urgente e, direi, antídoto contra o entreguismo que a direita sempre sonhou impor ao Brasil. A medida vem em meio a pressões internacionais — especialmente dos Estados Unidos — e ao jogo geopolítico em torno das chamadas terras raras. Lula deixou claro que o país não será palco de pilhagem: as empresas terão de comprar ou investir aqui.
“Semana que vem já tem uma reunião marcada com o Seu Alexandre (Silveira, Minas e Energia), com o Rui Costa (Casa Civil) e o conselho de política mineral. Vou criar um conselho ligado à Presidência da República. Ninguém vai colocar o dedo nos nossos minerais críticos de terras raras porque são nossos e nós vamos tomar conta disso.” — Luiz Inácio Lula da Silva.
Por que isso importa — e por que incomoda os poderosos
Minerais críticos e estratégicos são aqueles que definem a economia do presente e do futuro: usados em chips, celulares, computadores, equipamentos de alta tecnologia e na transição energética. Grande parte desses insumos está concentrada na China — hoje potência dominante nesse mercado — mas o Brasil figura entre as maiores reservas do mundo. Não é à toa que os Estados Unidos andaram costurando acordos recentemente sobre terras raras, inclusive com a Ucrânia e com a China: a corrida por essas riquezas é geopolítica e econômica.
Além disso, há um fato prático que engrossa a urgência: desde 6 de agosto, produtos brasileiros estão sendo sobretaxados em 50% para entrar nos EUA — o famigerado tarifaço. O governo brasileiro busca negociar a reversão dessa medida, mas até agora esbarra na displicência e no bloqueio americano. “Minerais críticos e terras raras podem entrar em acordo com os EUA”, afirmou Fernando Haddad, sinalizando abertura para negociações, mas sem abrir mão da defesa dos interesses nacionais.
O que Lula propõe é simples na letra: controle, planejamento e condições claras para quem quiser explorar ou comprar o que é nosso. Não aceitaremos entreguismo nem privatizações! O recado é uma bofetada na cara das milícias políticas que pintam de “liberalismo” a venda do patrimônio do povo brasileiro.
Quem, de fato, vai ganhar com isso? Não os bilionários de plantão que adoram acumular lucros e mandar cortar serviços públicos; o objetivo deve ser usar esses recursos para financiar desenvolvimento industrial, pesquisa tecnológica, energias renováveis e soberania econômica. Controle estatal e investimento público são ferramentas indispensáveis para que a riqueza mineral sirva ao povo — e não aos cofres de banqueiros estrangeiros.
A retórica de Lula — com presença direta do Palácio na coordenação — sinaliza que o governo quer evitar a dispersão de decisões entre ministérios e interesses privados. A reunião anunciada com Alexandre Silveira e Rui Costa e o futuro conselho de política mineral mostram que a administração pretende centralizar a estratégia para garantir que as minas não virem zona de pilhagem internacional ou vazão de lucros sem retorno para a sociedade.
É hora de ficar atento: a direita, com sua veneração por privatizações e por “parcerias” com grupos econômicos, vai tentar pintar qualquer protecionismo como “populismo” ou “atraso”. Não cairemos nessa narrativa. Defender a soberania sobre nossos minerais críticos é defender empregos, ciência e a possibilidade concreta de um Brasil menos dependente dos caprichos do imperialismo financeiro.
O desafio agora é transformar o anúncio em poder real: exigir transparência nas licitações, regras que obriguem investimento local e transferência de tecnologia, e controle social sobre os projetos. Lula deu o primeiro passo; cabe à militância e aos movimentos populares empurrar para que esse passo vire salto para um projeto nacional de desenvolvimento soberano. Quem quiser explorar aqui que venha com condições claras — ou que se retire.