O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poupou palavras ao reagir à suspensão do visto do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, pelos Estados Unidos: um gesto que, para o governo e para a nossa militância, só confirma o papel agressivo do imperialismo estadunidense contra qualquer sinal de independência do Brasil. Lula falou durante reunião no Planalto, deixando claro que isso não é um incidente isolado, mas parte de uma ofensiva política que precisa ser denunciada e combatida com firmeza — e com riso irônico diante da hipocrisia de quem aponta o dedo para os outros enquanto pisa direitos e impõe sanções.
“Minha solidariedade e solidariedade do governo a você por conta do gesto irresponsável dos EUA de cassarem o teu visto”, disse Lula a Lewandowski, acompanhado de críticas diretas: “Eu acho que eles estão deixando de receber uma personalidade da tua competência, da tua capacidade. Eu acho que é vergonhoso para eles e não para você”. Lula foi além, perguntando com veemência o que teria motivado tanto ódio contra o Brasil: “O que que você fez para que os caras tivessem tanto ódio do Brasil que chagassem a suspender o visto do nosso ministro da Justiça? Essas atitudes são inaceitáveis, não só contra o Lewandowski, mas contra os ministros da Suprema Corte, contra qualquer personalidade brasileira. Minha solidariedade, Lewandowski”.
“Lewandowski não recebeu confirmação oficial do governo dos EUA sobre o cancelamento”, informou a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça à reportagem do g1 — um detalhe que não apaga a gravidade do episódio, apenas reforça o contorno político da operação. O fato é que, para além de formalidades, o recado enviado aos brasileiros e brasileiras foi claro: desafiar os interesses do capital e das oligarquias internacionais rende retaliação.
Não aceitaremos sermos tratados como subalternos por nenhuma potência estrangeira! Lula e o governo do PT precisam agora transformar a indignação em estratégia política, unindo as forças populares contra a coação externa e as manobras de direita internas que festejam cada intervenção imperial.
Sucessão de cancelamentos
Este não foi um ato isolado. No mês passado, os EUA já haviam suspendido os vistos de Alexandre de Moraes e de outros sete ministros do STF; também revogaram a permissão de entrada do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Nas últimas semanas, funcionários ligados ao programa Mais Médicos e até familiares do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tiveram vistos cancelados. A lógica é sempre a mesma: punir e intimidar.
“O programa Mais Médicos foi ‘um golpe diplomático inconcebível’… as pessoas que tiveram o visto cancelado foram ‘cúmplices do esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano'”, afirmou o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, justificando as medidas com o argumento de responsabilizar estrangeiros por supostas ações de censura. A acusação soa como piada de mau gosto, quando sabemos que o Mais Médicos levou saúde a quem mais precisa e enfrentou, com solidariedade internacional, o caos gerado por políticas neoliberais.
Trump e sua turma não se limitam a revogar vistos: impuseram tarifas contra produtos brasileiros; aplicaram a Lei Magnitsky a ministros do STF; fizeram do Brasil um alvo numa estratégia mais ampla de hostilidade às forças populares. É o velho teatro do poder global — agora atuando com menos pudor e mais agressividade.
Como jornal e como militância, não podemos aceitar esse jogo. Defender Lewandowski é, neste momento, defender a soberania do país e a independência das instituições frente ao assédio estrangeiro. Quem ataca nossos representantes tenta, na verdade, atacar o direito do povo brasileiro de decidir seu destino.
Cabe ao movimento popular, às esquerdas e ao PT transformar essa afronta num ponto de virada: organizar, denunciar internacionalmente, resguardar nossa autonomia e avançar na construção de um projeto que rompa com as amarras do capital e das embaixadas que se julgam donas do mundo. O império que pensa poder chantagear o Brasil vai descobrir que aqui há resistência — e que resistência se constrói com luta, solidariedade e políticas de soberania.