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Lula denuncia ‘tirania do veto’ que paralisa ONU e define ataque a Gaza como ‘genocídio’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a Nova York com palavras duras sobre a crise humanitária em Gaza e a máquina de hipocrisia que protege os poderosos na ONU. Em discurso na Conferência Internacional de Alto Nível sobre a Palestina, Lula acusou diretamente a chamada “tirania do veto” de enterrar a função da organização e classificou a ofensiva israelense como um verdadeiro genocídio — uma voz firme contra a impunidade e em defesa da vida que corta o silêncio cúmplice das grandes potências.

Lula não poupou frases: “[O conflito entre Israel e Palestina] mostra como a tirania do veto sabota a própria razão de ser da ONU, de evitar que atrocidades como as que motivaram sua fundação se repitam” — Luiz Inácio Lula da Silva. A declaração veio logo após os Estados Unidos vetarem, na quinta-feira (18), um projeto de resolução do Conselho de Segurança que havia recebido 14 votos a favor e exigia um cessar-fogo em Gaza, além de que Israel suspendesse restrições à entrega de ajuda humanitária ao enclave. Vale lembrar o óbvio: o Conselho tem 15 membros, mas apenas cinco assentos permanentes com poder de veto — Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido — e é exatamente esse privilégio que permite a proteção de interesses geopolíticos em detrimento da vida de civis.

Para Lula, não há eufemismo que caiba: “Não há palavra mais apropriada para descrever o que está ocorrendo em Gaza do que genocídio” — Luiz Inácio Lula da Silva. E ele foi além, afirmando que o direito de defesa contra o Hamas não autoriza “a matança discriminada de civis”. Quem pensa que isso é mera retórica diplomática, engana-se: é uma denúncia política e moral. Enquanto isso, os defensores do status quo — aqueles que aplaudem bombas e privatizações de alma — continuam a lado de fora, torcendo para que nada mude.

Discurso na ONU

A conferência convocada por França e Arábia Saudita teve ainda outro momento simbólico: o anúncio do reconhecimento do Estado palestino pela França. “Recai sobre nós uma responsabilidade histórica. Devemos fazer todo o possível para preservar a própria possibilidade de uma solução de dois Estados, Israel e Palestina, vivendo lado a lado em paz e segurança” — Emmanuel Macron. Mais de 140 países já reconhecem a Palestina, incluindo o Brasil, e decisões recentes de Reino Unido, Canadá e Austrália aparecem como sinais políticos contra a expansão de assentamentos e a ocupação militar.

Nas próximas semanas, Lula subirá à tribuna da Assembleia Geral da ONU com uma agenda que mistura soberania, resistência e diplomacia firme: deverá mandar recados calculados aos Estados Unidos — incluindo críticas ao chamado “tarifaço” que tem golpeado produtores e consumidores — e reafirmar a independência do Supremo Tribunal Federal no julgamento de Bolsonaro. O governo quer marcar posição: não há espaço para chantagens econômicas que submetam o Brasil à política de bilionários e corporações estrangeiras. Lula também tratará de multilateralismo, reforma da ONU, preservação ambiental e a COP30, que o país sediará em novembro, cobrando financiamento real dos países ricos para a transição energética e ações climáticas.

Outra pauta que não será esquecida é a guerra na Ucrânia: Lula mantém a defesa de um cessar-fogo e de negociações que priorizem vidas e reconstrução, não a lógica do mercado de armas ou a geopolítica dos mais fortes.

O tom de Lula em Nova York é, portanto, mais do que diplomacia: é confronto com o velho mundo que protege privilégios e massacres. É hora de desmontar a tirania do veto, defender a vida dos povos e reafirmar que soberania não se negocia com interesses econômicos e militares. Para quem luta por um projeto popular e anti-imperialista, essa viagem é afiação de uma estratégia: mostrar que o PT pode ser, além de alternativa eleitoral, um motor de resistência internacional — e que a direita, com seus velhos discursos e privatizações, será vencida politicamente nas ruas e nas instituições.

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