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Lula e Janja se reúnem com CEO do TikTok em Nova York e anunciam investimentos estratégicos no Nordeste

O encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva e o CEO do TikTok, Shou Zi Chew, em Nova York não foi um café diplomático qualquer: foi um recado claro de que o governo petista pretende disputar poder — também — no terreno digital. Em torno de 30 minutos em que se discutiu investimento, regulação e segurança de conteúdo, com a primeira-dama Janja presente em parte da conversa, mostram que o Brasil não vai assistir passivamente enquanto plataformas transnacionais ditam regras e acumulam influência sobre a vida pública.

Participaram do encontro, além de Lula e Janja, o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), e o ministro da Educação Camilo Santana. Não é por acaso: o Ceará concentra pontos de chegada de cabos submarinos e se transformou em peça-chave para quem quer montar data centers no Brasil. O anúncio de potenciais investimentos e a fala sobre a construção de data centers no Ceará acendem um alerta sobre soberania tecnológica e impactos ambientais, mas também mostram que o governo quer atrair infraestrutura para dentro do país, em vez de vender tudo aos interesses privados.

“O TikTok anunciou a intenção de fazer investimentos no Brasil”, disse um membro do governo que participou da reunião. A medida, se confirmada, pode trazer empregos e avançar conectividade — desde que não signifique abrir mão da regulação ou entregar território digital a interesses estrangeiros e bilionários. E isso nos leva direto ao eixo político do debate: quem controla os algoritmos controla a narrativa.

Polêmica com Janja na China

A presença de Janja no encontro reacende a polêmica aberta em maio, durante a visita oficial à China, quando relatos afirmaram que a primeira-dama teria pedido a Xi Jinping maior rigor na moderação de conteúdo para proteger mulheres e crianças. A direita, claro, transformou isso em espetáculo: acusaram Lula e Janja de pedir censura e quebrar protocolos — a especialidade do conservadorismo midiático é gritar alto e interpretar mal. Lula saiu em defesa dela por entender que o tema é de interesse público. “Pedi a Xi Jinping que enviasse um responsável da empresa ao Brasil”, disse Lula na ocasião.

A própria reunião em Nova York tocou nessa agenda: regulação de mídias sociais foi pauta. “Executivas que acompanhavam o diretor do TikTok afirmaram que a empresa defenderia medidas para garantir um ambiente mais seguro nas redes sociais”, disseram fontes que acompanharam o encontro. Falar em segurança não pode ser eufemismo para censura; tem que significar proteção de direitos, transparência algorítmica e obrigações claras para plataformas que operam massivamente no país.

O TikTok hoje é uma das redes mais usadas no Brasil — estimativas falam em algo em torno de 100 milhões de usuários — e sua presença no cotidiano é inegável. A questão é: vamos permitir que plataformas definam termos técnicos e políticos sem responsabilização? O governo enviou ao Congresso um projeto de lei sobre regulação econômica das plataformas, e as conversas em Nova York indicam que a empresa conhece esse movimento. Resta saber se aceitarão sujeitar-se a regras que protejam a população, condições para dados, consumo de energia dos data centers e respeito à soberania nacional.

No plano internacional, a movimentação de bilionários e corporações é outra camada de disputa. Notícias sobre negociações envolvendo Larry Ellison e a Oracle nos EUA mostram que o controle sobre redes pode ser objeto de troca entre amigos do bolsonarismo e do capital privatista. Não aceitaremos que bilionários decidam o destino da informação no Brasil. Aqui é preciso manter clareza: defender regulação, estatais e soberania é antídoto contra privatizações e concentrações oligárquicas.

O encontro em Nova York foi, portanto, mais do que protocolo: foi início de uma disputa política. Lula e o PT podem transformar esse momento em avanço democrático, regulando plataformas, atraindo investimentos com condições e resistindo às pressões do mercado que quer tudo pra si. A tarefa da esquerda é seguir mobilizada, impondo que tecnologia esteja a serviço do povo, não de lucros privados e caprichos de donos do mundo. Quem pensa diferente — quem acha que o país tem de ser entregue às corporações — que se prepare para a resistência.

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