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Lula em Bogotá: países ricos usam combate ao crime para violar soberania e impor protecionismo

O presidente Lula subiu o tom em Bogotá contra a hipocrisia das potências: para ele, países ricos transformam a luta contra o desmatamento em desculpa para protecionismo e o combate ao crime organizado em pretexto para violar soberania. As declarações foram feitas durante a Cúpula dos Países Amazônicos, encontros com representantes da sociedade civil e chefes de Estado na capital colombiana — um palco óbvio para escancarar que não aceitaremos lições de quem poluiu o planeta por séculos.

“Há muito tempo que os países ricos nos acusam de não cuidar da floresta. Aqueles que poluíram o planeta tentam impor modelos que não nos servem. Utilizam a luta contra o desmatamento como justificativa para o protecionismo. Usam o combate ao crime organizado como pretexto para violar nossa soberania”, disse Luiz Inácio Lula da Silva, lembrando que soberania não é artigo de luxo para ser retirado quando convém aos poderosos.

O mote de Lula vem no momento em que os EUA decidiram enviar navios de guerra para águas internacionais no Caribe, perto da Venezuela, alegando enfrentar cartéis de drogas — uma manobra que irritou governos da região e soou como novo capítulo da velha doutrina da intervenção. O governo brasileiro tratou de articular uma resposta diplomática, reafirmando que cabe aos países amazônicos combater crimes em seus próprios territórios e que ninguém aceita tutoria militar de olhos azuis e discurso moralista.

Crítica a Trump e a defesa do multilateralismo

Com sarcasmo político que combina com quem vive a luta, Lula criticou a postura isolacionista do governo americano: “Para ter governança mundial, você não pode acabar com o multilateralismo. Você não pode fazer o que o presidente americano está fazendo: tomando decisões sozinho…” E fez questão de esticar o convite para a COP 30 em Belém: mandou carta a Trump e vai convidar outros líderes. Afinal, quem polui mais precisa estar no debate — não para mandar, mas para cumprir sua parte.

A soberania não se negocia com porta-aviões nem com chantagem econômica. Querem transformar a proteção da floresta em desculpa para cercear os países pobres.

No plano prático, Lula anunciou que irá convidar os presidentes dos países membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) para a inauguração, em 9 de setembro, de um centro de cooperação policial internacional em Manaus. A ideia é óbvia e necessária: articular respostas regionais para garimpo ilegal, narcotráfico e contrabando de armas, e não aceitar que forças externas entrem como se fossem xerifes do hemisfério.

“É uma coisa muito importante para combater o garimpo ilegal, combater o narcotráfico, combater o contrabando de armas”, afirmou Lula, defendendo que a solução vem da integração dos países amazônicos e de políticas públicas que valorizem povos indígenas, ciência e soberania.

Sobre a COP 30, o governo insiste em mostrar o que realmente acontece na floresta, longe do desfile de discursos vazios: Belém foi escolhida para obrigar a comunidade internacional a ver de perto o desafio de preservação. O Brasil propõe também o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), um mecanismo para captar recursos de países, empresas e entidades para financiar conservação — proposta que coloca a responsabilidade sobre quem tem condições de contribuir.

A pressão de Lula para que países ricos honrem compromissos financeiros de preservação, transição energética e desenvolvimento sustentável continua firme. A diplomacia brasileira tem chão de fábrica para andar: apenas 47 dos 196 países já confirmaram presença na COP 30, e a ONU pediu ao Brasil que subsidie hospedagem diante dos preços exorbitantes em Belém — ironia fina para quem acha que salvar o planeta é serviço só dos pobres.

Em resumo, o discurso de Bogotá foi um chamado à resistência soberana e à solidariedade entre os países amazônicos: não aceitaremos sermões nem imposições, vamos construir respostas próprias e exigir que os ricos paguem sua parte. A batalha pela Amazônia segue sendo, antes de tudo, uma luta pelo futuro dos povos que a habitam e pelo planeta inteiro — e quem pensar em tratá-la como mercadoria, vai encontrar um Brasil em pé de guerra democrática.

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