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Lula faz aceno à China e avisa: se EUA não comprarem do Brasil, venderemos para outros parceiros

A escalada de protecionismo norte-americano com o anúncio de sobretaxas de 50% sobre produtos brasileiros é mais um capítulo no velho conto do imperialismo que tenta impor sua vontade à força. Em vez de se ajoelhar diante do tariffão de Trump, Lula tratou de mostrar que o Brasil não aceita chantagem comercial e tem sim condições de reagir, buscando parceiros que respeitem nossos interesses nacionais.

Resistência contra o tarifão de Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou sem rodeios: se os Estados Unidos não quiserem comprar nossos produtos, “vamos atrás de quem queira”. “Se os Estados Unidos não quiserem comprar algo de nós, nós vamos atrás de quem queira. Temos uma relação comercial extraordinária com a China”, afirmou em entrevista ao The New York Times. E quantos de nós não se cansam desse discurso paternalista que vê o Brasil sempre de mãos estendidas a Washington? Lula escancara a hipocrisia: não estamos de joelhos diante do imperialismo norte-americano.

O petista também deixou claro que tentou diálogo com Donald Trump, mas, pasmem, “ninguém quer conversar”. “Trump é uma questão para o povo americano lidar. Eles votaram nele. Fim da história.” Em outras palavras: façam seu jogo interno, mas sem atrapalhar a busca do Brasil por mercados justos. Quem diria que o país que já foi visto como “feijão com arroz” no quintal dos EUA hoje coloca as cartas na mesa?

China: alternativa estratégica ou passeio turístico?

Entre os dedos em riste de Washington, Lula aponta Beijing como parceiro inseparável. Estados Unidos e China são, de fato, os dois maiores clientes do Brasil, mas compram itens diferentes da cesta exportadora. Enquanto os americanos demandam produtos agropecuários, os chineses absorvem nosso minério de ferro e soja em volumes gigantescos. Ainda assim, especialistas alertam para os riscos de redirecionar tudo de uma só vez: falta infraestrutura logística, e o principal, o mercado chinês nem sempre replica as tarifas e acordos do Ocidente.

“Estamos dispostos a promover a cooperação com base em princípios de mercado”, declarou Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, referindo-se indiretamente ao tarifaço americano. O diplomata ainda ressaltou o desejo de “defender conjuntamente o sistema multilateral de comércio centrado na OMC e proteger a justiça e a equidade internacional.” Traduzindo: venha quem vier, desde que respeite regras e pague pelo que compra.

Enquanto isso, de Brasília ecoa uma mensagem clara: não temos medo de diversificar nossos parceiros, principalmente se eles respeitam nossos interesses. E se Trump quiser brincar de Guerra Fria, que saiba que o Brasil tem autonomia política e não se alinha a blocos sem defender sua soberania.

Entre chantagens e oportunidades

A retórica de Trump é velha aliada dos setores mais retrógrados do agronegócio e da indústria brasileira que, no fundo, torcem por um governo ainda mais subserviente. Mas Lula quebra esse script. Ele reforça que, mais do que ideologias, interessa ao Brasil vender para quem pagar mais e para quem trate o país como parceiro, não como colônia.

No fim das contas, a disputa geopolítica de Washington e Beijing abre uma janela de oportunidades para o Brasil negociar em melhores condições. Resta ao governo fortalecer a indústria nacional, investir em infraestrutura portuária e logística, e criar mecanismos de seguro e crédito que deem fôlego aos produtores durante o período de transição.

A lição é clara: não há espaço para empregar a velha cartilha do “Brasil sem alternativas”. Se o grande Tio Sam decidiu revogar a cortesia de mercado, apareçam novos amigos dispostos a estender a mão. E, convenhamos, poucas estratégias são tão eficazes quanto aliviar a dependência de potências e explorar espaços antes negligenciados. Com Lula à frente, o país dá passo firme rumo a uma política externa mais assertiva – e, acima de tudo, soberana.

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