O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lança nesta quinta-feira em Minas Gerais o programa Gás do Povo, uma iniciativa que pretende ampliar o atual Auxílio Gás e chegar a 15,5 milhões de famílias — com custo estimado em R$ 5 bilhões para 2026. O ato será no Aglomerado da Serra, a maior favela de Belo Horizonte, com presença do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, e do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, responsável pela formulação do programa. É mais um passo do governo para enfrentar a carestia que as famílias populares vêm pagando na própria pele — e, sim, é também um recado político claro para quem achava que só cortes e privatizações resolviam tudo.
Como vai funcionar
A ideia central é dar gratuidade no botijão de gás para famílias em situação de vulnerabilidade, ampliando a cobertura além das atuais 5,4 milhões contempladas pelo Auxílio Gás. Haverá uma nova modalidade voltada a famílias inscritas no Cadastro Único com renda igual ou inferior a meio salário mínimo. Para reduzir burocracia e facilitar o acesso, o governo pretende usar os 58 mil postos de revenda espalhados pelo país, identificados com a marca do programa, e distribuir vouchers que deverão ser apresentados em lotéricas, com cartão da Caixa, cartão do Bolsa Família ou via aplicativo da Caixa.
“Nós vamos deixar o Auxílio Gás que hoje contempla apenas 5,4 milhões de famílias, para distribuir de forma desburocratizada e simplificada nos 58 mil postos de revenda no Brasil afora” – Alexandre Silveira
Além dos pontos de venda, o governo estuda retomar o uso das chamadas “gaiolas” nos postos para facilitar a entrega do botijão — uma solução prática que, se bem aplicada, evita filas e fraudes. A previsão é começar a operar em novembro, com envio da proposta ao Congresso por meio de Medida Provisória, num calendário que mistura urgência social e estratégia política. O objetivo declarado pelos palanques do Planalto é que o Gás do Povo seja uma vitrine de final de mandato, ao lado da ampliação da gratuidade na conta de luz e da proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.
“O programa visa distribuir o gás de cozinha de forma ‘desburocratizada e simplificada'” – Alexandre Silveira
Por que isso importa? Porque o gás de cozinha é um item básico na vida das famílias trabalhadoras. Enquanto os bilionários da direita continuam promovendo receitas mágicas de mercado e entreguismo, o governo aposta em políticas públicas para aliviar a sobrecarga do dia a dia das periferias. E não se enganem: programas como este mexem com a vida real das pessoas — e com o jogo político. Minas Gerais, com seu enorme eleitorado, sempre foi decisiva; lançar o Gás do Povo em solo mineiro, no território onde Romeu Zema (Novo) governa, é também um gesto simbólico. Zema, claro, segue a peça de teatro do liberalismo light, prometendo eficiência enquanto corta e terceiriza serviços. Nós sabemos quem paga o preço dessas “soluções”.
Esse pacote de medidas sociais apresenta um dilema para a direita: vão continuar falando contra as estatais e os direitos, baixando a cabeça para o mercado, ou vão tentar, com a cara mais dura, dizer que políticas públicas eficazes são inviáveis? A resposta popular é óbvia — famílias que vêm economizar no mês, que voltam a cozinhar um feijão digno sem ter que optar entre gás e remédio, não esquecem quem colocou essa resposta em prática.
O caminho não é sem obstáculos: a Medida Provisória terá de navegar pelo Congresso, enfrentar críticas e tentativas de sabotá-la, e dependerá de orçamento e gestão para realmente chegar às mãos das famílias. Mas há algo que os mercados e os colunistas conservadores não conseguem apagar: políticas públicas que tocam a vida cotidiana criam laços sociais, reconhecimento e condição para avançar sobre questões maiores, como a defesa das estatais e a disputa pelo controle do Estado. Se a direita quiser continuar pregando que o Estado é o problema, que ao menos não atrapalhe quando medidas simples, populares e necessárias aparecem na mesa!