No calor dos bastidores do Planalto, Lula convocou, nesta terça-feira (29), três ministros ligados ao União Brasil para uma conversa decisiva sobre sua permanência no governo. Celso Sabino (Turismo), Frederico Siqueira (Comunicações) e Waldez Góes (Integração Nacional) foram questionados diretamente sobre o desejo de permanecer em seus cargos, em meio a denúncias de críticas públicas promovidas por caciques da legenda e à ameaça real de desembarque do partido. O episódio escancara até que ponto a base aliada patina entre lealdade e chantagem, enquanto o presidente busca manter viva a coalizão que garante, minimamente, o avanço de pautas populares.
União Brasil entre cúmplices e traições
O desrespeito de Antonio Rueda, presidente do União Brasil, às diretrizes do governo Lula ultrapassa os corredores do Palácio. Rueda afirmou a investidores que “o governo Lula não fez entregas e não tem compromisso com as contas públicas” e ainda detonou a posição do Brasil frente aos aumentos tarifários de Donald Trump. Em seguida, previu que todas as siglas de centro-direita marcharão unificadas contra Lula em 2026. Não é apenas crítica política: é um convite à sabotagem institucional! Essa ousadia não poderia passar despercebida, e Lula reagiu convocando seus próprios ministros.
Questionados no Palácio do Planalto, Celso Sabino, Frederico Siqueira e Waldez Góes trataram de desautorizar o patrão Rueda. Garantiram que o União é um partido plural e que, individualmente, continuam alinhados aos objetivos do governo. Ainda deixaram escapar que, se derem a cara a bater na eleição presidencial, considerariam uma virada surpreendente e apoios inesperados – quem sabe até ao próprio Lula. É o jogo de cena de sempre: barulho para assustar, mas na hora H muitos preferem ficar com quem coloca comida na mesa do povo.
A crise, porém, não se encerra com uma simples reunião. O Planalto já articula um novo encontro em agosto, desta vez com Davi Alcolumbre, líder do partido no Senado, e Pedro Lucas, líder na Câmara, além do próprio Rueda. Objetivo? Perguntar de novo se vão continuar no barco ou pular para as águas frias da oposição. Resta ver se haverá coragem de abandonar cargos e privilégios. Afinal, quem vive de power-point e café com banqueiro não costuma querer perder o tapetão confortável.
MDB: barganhas e alianças
No mesmo dia, Lula recebeu a ala governista do MDB para um almoço no Alvorada. Renan Filho (Transportes), Simone Tebet (Planejamento), Jader Filho (Cidades), além dos líderes Isnaldo Bulhões (Câmara) e Eduardo Braga (Senado), reforçaram publicamente o apoio à reeleição de Lula em 2026. Mas foi naquela conversa amena que se forjou a costumeira relação de mercado: “Tem muito mais gente para entrar nessa conversa. Ali era um grupo já próximo do presidente,” confessou, em reservado, um ministro do partido.
Nos bastidores, caciques como Ricardo Nunes e Baleia Rossi preferem ver Lula correndo atrás de MDB até o fim: “vão querer a vice, ministérios, cargos nos Estados”, cochicham. Simone Tebet já surge como nome ventilado para a vice. O recado é claro: não basta o histórico de lutas sociais e a vitória das urnas – é preciso pagar o pedágio! O PT e o próprio presidente sabem que a legenda se move à base de trocas, não de convicções de classe.
Enquanto isso, o centro-direita tramam nas sombras, e Bolsonaro ecoa em redes de robôs e fake news. Mas a resistência popular, impulsionada pelo legado de Lula e pelo projeto anticapitalista do PT, resiste como uma chama viva. É hora de fortalecer as bases, investir em comunicação direta com trabalhadores, desempregados, sem-terra e sem-teto, irritar a burguesia e mobilizar as ruas com debates sobre estatização de setores estratégicos e criminalização do patrão-bilionário que insiste em lucrar com a miséria.
O recado é evidente: ou nos mantemos firmes, discutindo os rumos de um projeto soberano e socialista, ou entregamos o país de mão beijada ao entreguismo conservador. Lula sabe que não há tempo a perder. A luta pela sobrevivência da experiência democrática-petista passa pelo desgaste dessas alas golpistas no próprio governo. E a ofensiva não se faz só no Planalto, mas em cada sindicato, escola, fábrica e periferia. É aí que a verdadeira aliança popular vai definir o futuro do Brasil – não nos palácios, mas no coração pulsante das massas.