O encontro entre Lula e o presidente da Câmara, Hugo Motta, no Palácio da Alvorada reafirma o óbvio: o governo está disposto a barrar qualquer tentativa de transformar um golpe em anistia. Enquanto a direita faz manobras para salvar os seus, o Executivo aciona ministros, articula com bancadas e enxerga a votação como linha de frente — não como barganha! Pergunta-se: quem tem pressa em enterrar a responsabilização dos golpistas — e por quê?
Reunião e a anistia
A conversa de segunda-feira (15) entre Lula e Hugo Motta não estava na agenda oficial — talvez porque algumas articulações prefiram a penumbra da retórica política de sempre. Segundo fontes do governo, Lula reforçou a posição contrária à anistia e trouxe para a mesa outros itens sensíveis à pauta, como a Medida Provisória da tarifa social e a proposta que isenta do Imposto de Renda salários até R$ 5 mil. A linha é clara: enquanto a direita tenta costurar impunidade, o governo tenta manter votações que protejam a população mais pobre e a soberania do Estado.
A oposição não desistiu: líderes se reúnem esta semana para tentar fazer a proposta andar mesmo diante da resistência da cúpula do Congresso e do próprio Executivo. E, no meio desse jogo, o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu autorização para receber o relator de um projeto de anistia — simbolismo puro de quem tenta fabricar legitimação depois de tentar destruir a democracia. Não vamos aceitar que um projeto de anistia transforme os golpistas em heróis da impunidade!
Movimentos de Tarcísio e o tabuleiro político
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, chegou a anunciar vinda a Brasília para negociar a anistia; depois, a viagem foi cancelada pelo Palácio dos Bandeirantes. Segundo aliados do governador, a justificativa foi clara: “não haver necessidade da presença dele em Brasília para cuidar de anistia”, disseram aliados do governador. Traduzindo: a articulação segue nos bastidores, como sempre, e o próprio Tarcísio diz que o tema está encaminhado e que ele está otimista quanto ao avanço. Otimismo que tem cheiro de expediente político: a direita tenta alinhar bancadas e usar governadores para pressionar deputados.
O timing dessa movimentação é estratégico — e vergonhoso para quem ainda aposta em narrativas golpistas. Uma pesquisa Datafolha mostrou que 54% da população é contra anistia a Bolsonaro, enquanto 39% são a favor. Que leitura a direita fará desses números? Que a rua não esquece? Ou que a aritmética da impunidade precisa de mais pressão institucional?
A própria concretude das votações pressiona a agenda: o governo acelerou articulações depois do julgamento que condenou Bolsonaro por tentativa de golpe, buscando também avançar em votações essenciais para a população.
A MP do setor elétrico, por exemplo, é urgente — perde validade se não for aprovada até quarta-feira (17). Lula aposta na reforma do setor e na ampliação da tarifa social como agenda social e eleitoral: segundo o governo, cerca de 55 milhões de brasileiros terão desconto e outros 60 milhões ficarão isentos na conta de luz. O PT e Lula se colocam na linha de frente para transformar a defesa do Estado e das estatais em projeto popular — não um arranjo para salvar os poderosos.
A batalha não é apenas sobre textos de lei: é sobre memória, responsabilidade e futuro. Privatistas, oligarquias e milícias políticas tentam usar labirintos parlamentares para apagar as responsabilidades do passado. Do outro lado, há um campo democrático que entende que não dá para consertar Brasil com anistias para golpistas nem com apagões sociais.
O desafio agora é claro: defender as votações que ampliam direitos e barrar qualquer tentativa de anistia que sirva de lenitivo para a impunidade. Quem está do lado da democracia tem que acompanhar cada sessão, pressionar parlamentares e denunciar as manobras. E que fique claro: a luta não é só institucional — é política e moral. Vamos derrotar a direita nas urnas e nas ruas, e construir um projeto popular que não negocie a justiça por acordos com os poderosos.