O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a colocar na mesa duas palavras que a direita e seus financiadores internacionais desejam enterrar: soberania e educação. Em um país onde o retrocesso tenta se naturalizar, Lula tomou o palanque do Planalto para lembrarmos que o Brasil não pode ser tratado como quintal de quem decide punir-nos com tarifas e ameaças políticas. Se há quem aplauda chantagens e xingamentos do exterior, que fique claro: nós não vamos aceitar sermões de quem fala alto porque quer dominar mercados e quem os servem.
“Este país está precisando de todos nós, porque o mundo está ficando mais perverso. O mundo está ficando mais nervoso, e nós precisamos de um país soberano, democrático, e que o povo brasileiro seja o único dono deste país” — Luiz Inácio Lula da Silva
O contexto é direto e cruel: os Estados Unidos anunciaram um aumento de tarifas sobre produtos brasileiros — um tarifaço que o Planalto classificou como medida unilateral e que chega numa hora em que aliados do bolsonarismo recebem apoio aberto de figuras como Donald Trump. “O Judiciário brasileiro faz uma ‘caça às bruxas’ ao julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro” — Donald Trump — uma declaração que soa menos como opinião e mais como tentativa de chantagem diplomática. Quem pensa que o país comporta esse tipo de intimidação está enganado.
Educação, soberania e disputa de projeto
Lula não falou apenas sobre geopolítica: lembrou o abandono histórico da educação no Brasil. É chocante, mas verdade: fomos o último país da América do Sul a criar uma universidade — e o fizemos em 1920 para, pasmem, conceder um título honoris causa a um rei europeu. Ridículo? Escandaloso? As duas coisas. Essa é a herança do país que a direita pretende restaurar: desigualdade institucionalizada e jovens sem perspectivas.
O presidente citou números que não são abstratos — são pessoas que ficaram pelo caminho: um terço da população que não completou o ensino fundamental é fruto do descaso. Para combater isso, seu governo aposta em medidas concretas: alfabetização até 2030 com apoio de quase todos os governadores e prefeitos, expansão dos institutos federais e políticas para manter o jovem na escola, como o programa Pé-de-Meia. Educação custa — e custa caro porque é investimento no futuro, não no caixa de banqueiros.
Lula também usou sua própria trajetória como exemplo: sem diploma universitário, ele encarna a promessa de igualdade de oportunidades. “O país será igual quando o filho do trabalhador disputar vaga com o filho do patrão” — palavras que soam como um desafio às elites que se acomodaram com privilégios.
“O Brasil está disposto a dialogar com os EUA sobre barreiras tarifárias e não tarifárias, incluindo big techs, data centers e minerais estratégicos, para construir um entendimento” — Geraldo Alckmin
No tabuleiro internacional, o governo tenta negociar sem abrir mão da dignidade nacional. “Embora os Estados Unidos sejam importantes, o maior parceiro comercial do Brasil hoje é a China e a Ásia” — Simone Tebet — e projetos estratégicos, como a ferrovia Atlântico-Pacífico com apoio chinês, mostram que o Brasil pode diversificar parcerias e não se submeter a um único tutelador.
A lição é clara: soberania econômica e fortalecimento do Estado são armas contra a ofensiva conservadora que quer desmontar estatais, privatizar tudo e deixar o país à mercê de corporações e bilionários. Lula e o PT não são meros gestores de curto prazo; para quem luta por um projeto popular, representam a chance de retomar a política como instrumento de transformação social.
Se a direita e seus parceiros externos apostam em intimidação, respondamos com organização, defesa da educação pública e ampliação da democracia. Não se trata apenas de reagir a tarifas: trata-se de decidir que nação queremos construir — para o trabalhador, para a juventude e para a soberania do Brasil. A hora é de unir forças e derrotar quem quer vender nosso futuro. Quem fica ao lado dessa batalha, que venha junto; quem pretende entregar o país, que prepare as malas.